Genes revelam a evolução da cor da pele e rebatem teorias racistas

Estudo abre novos caminhos para pesquisas sobre o câncer e outras doenças cutâneas

Do O GLOBO

O povo Mursi possui uma das peles mais escuras no continente africano – Alessia Ranciaro / Universidade da Pensilvânia

Por séculos a cor da pele tem sido a principal característica física para a determinação do conceito de raça e, consequentemente, do racismo, mas um estudo publicado nesta quinta-feira na revista “Science” reforça que tal concepção é um erro. Uma equipe internacional de geneticistas identificou oito variantes genéticas compartilhadas por populações ao redor do mundo que influenciam a pigmentação, algumas presentes em ancestrais distantes dos humanos, há cerca de 600 mil anos, antes mesmo de o humano moderno ter surgido. Além de explicar a variedade de tons, a descoberta abre caminho para novas pesquisas sobre o melanoma e outras doenças de pele.

— Nós identificamos novas variantes genéticas que contribuem para um dos traços mais variáveis nos seres humanos modernos — explicou Sarah Tishkoff, geneticista da Universidade da Pensilvânia e coautora da pesquisa. — Quando as pessoas pensam sobre a cor da pele na África a maioria pensa na pele negra, mas nós mostramos que dentro do continente existe uma grande quantidade de variações, desde a pele tão clara como a de alguns asiáticos aos tons mais escuros, e tudo o que se encontra entre eles. Nós identificamos variantes genéticas que afetam esses traços e mostramos que mutações influenciam o tom da pele há muito tempo, antes mesmo da origem dos humanos modernos.

No estudo, os pesquisadores mediram a coloração da pele de 2.092 voluntários africanos para determinar os níveis de melanina, composto responsável pela coloração da pele, cabelos e dos olhos e da proteção das células cutâneas contra a radiação ultravioleta. Depois, o DNA de 1.593 dos participantes foi sequenciado, para determinar os alelos — formas alternativas de um mesmo gene ou locus genético — responsáveis pelos diferentes tons de pele. Os resultados apontaram para quatro áreas chave do genoma onde a variação dos alelos se correlacionava com as diferenças na cor da pele.

A região com maior correlação foi no gene SLC24A5, uma variante conhecida por seu papel na coloração clara da pele em europeus e algumas populações asiáticas, surgida há mais de 30 mil anos. O estudo demonstrou que ela está presente em populações da Etiópia e da Tanzânia, regiões conhecidas por terem povoado o Sudeste Asiático e o Oriente Médio, sugerindo que a característica foi levada a partir da África para outras partes do planeta.

 

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