PARIS – Universidades de elite estão sendo criticadas na França por sua resistência em facilitar o acesso de estudantes vindos de famílias de baixa renda a seus cursos. As chamadas grandes écoles, instituições superiores especializadas e de pequeno porte, alegam temer que caia o nível do ensino caso atendam a um objetivo do governo Sarkozy de que, até 2012, 30% de seus alunos sejam bolsistas. O governo diz que não vai impor cotas, mas o ministro da Educação, Luc Chatel, protestou contra a argumentação das instituições de ensino.
– É profundamente chocante que alguém imagine que convocar estudantes de classes desprivilegiadas pudesse reduzir o nível das escolas – afirmou o ministro Chatel.
O governo, como parte das iniciativas do presidente Nicolas Sarkozy a fim de dar melhores condições educacionais a jovens das periferias, pretende que as universidades aumentem sua quantidade de bolsistas para 30% do total de estudantes. Mas as grandes écoles temem que a medida se torne um sistema compulsório de cotas, e afirmam que não pretendem reduzir os rigorosos padrões seletivos.
“O nível da seleção para ingresso deve ser o mesmo para todos”, disse um comunicado da Conference des Grandes Écoles, que representa cerca de 200 dessas instituições.
As grandes écoles formam um sistema educacional paralelo ao das grandes universidades, e são frequentemente acusadas de darem oportunidade apenas a estudantes de classes mais altas: não por terem mensalidades caras – a maioria é administrada pelo Estado e tem preços acessíveis – mas pelo exigente processo de seleção, que favorece jovens educados em escolas da elite.
A ministra de Ensino Superior, Valerie Pecresse, afirmou ontem que a meta de 30% é “um objetivo, não uma cota” a ser imposta, segundo o jornal “Le Monde”.
Fonte: O Globo