Grupo atira bomba de gás lacrimogêneo em restaurante palestino em SP

Al Janiah contrata refugiados árabes e promove eventos para difundir cultura palestina

Por Thiago Amâncio, da Folha de São Paulo

Um grupo lançou bomba de gás lacrimogêneo e spray de pimenta em um restaurante palestino em São Paulo na madrugada deste domingo (1).

O caso aconteceu no Al Janiah, bar e restaurante onde trabalham refugiados árabes que vivem na capital paulista e que promove a cultura palestina.

Vídeo de câmera de segurança mostra o momento do ataque. A gravação mostra algumas pessoas na porta do restaurante quando três homens se aproximam. Um deles, de boné e camiseta estampada com a bandeira do estado de São Paulo, tira um objeto do bolso de trás da calça, lança-o dentro do restaurante e bate a porta.

As pessoas que estavam na frente do local saem de perto, e um dos homens lança um jato de spray no ar.

Alguém abre a porta pelo lado de dentro e os três homens parecem tentar impedir que as pessoas saiam do restaurante. É possível ver que uma fumaça vindo de dentro do local. Um dos homens atira uma bomba de gás, e o grupo vai embora. Só então as pessoas conseguem sair de dentro do restaurante. A gravação mostra o momento em que um homem carrega uma cadeira como se fosse um escudo.

O restaurante diz que era um grupo de cinco pessoas, que portava faca e spray e que fugiu na sequência. ​Ninguém ficou ferido.

A Polícia Militar informou que não foi chamada para o local. A administração da casa, no entanto, diz que a corporação não atendeu aos chamados de clientes que ligaram para o 190.

Apesar do ataque, o restaurante não suspendeu a programação para esta semana.

Horas antes do ataque, a escritora chilena Lina Meruane havia promovido no Al Janiah o lançamento da edição em português de seu livro “Tornar-se Palestina”. Depois, às 23h, aconteceu um show com a banda Graziela Medori e Os Brazucálias, em homenagem à Rita Lee.

Fachada do bar e restaurante Al Janiah (Foto: Sérgio Tomisaki/ANBA)

O caso causou repercussão entre setores da socieade ligados à esquerda.

Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), prestou solidariedade à equipe do bar. “Nenhum passo atrás. Apesar deles, o Al Janiah seguirá como um belo espaço de resistência cultural e servindo uma das melhores comidas árabes de São Paulo. Força!”, escreveu.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT), ex-ministro da Saúde, ligou o atentado a declarações do presidente Jair Bolsonaro. “O ódio que Bolsonaro destila em suas falas incentiva ações como essa. Sem propósito, sem motivo, sem explicação.”

Não é a primeira vez que o restaurante é alvo de ataque. Há três anos, em 31 de agosto de 2016, bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas na calçada do estabelecimento.

Em 2017, o dono do local, Hasan Zarif, e outro palestino foram detidos após uma confusão durante uma manifestação do grupo Direita São Paulo na avenida Paulista, contrária à Lei de Migração, vista como permissiva pelo grupo direitista.

Aberto em 2016, o Al Janiah recebeu atenção pela comida, elogiada nos guias gastronômicos da cidade, e pelo ativismo político, a favor do reconhecimento do Estado da Palestina. Em 2017, foi eleito o melhor restaurante de SP na categoria nova cozinha de imigrantes pela Folha.

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