O fotógrafo paulistano André Cypriano registrou imagens incríveis da história e da riqueza cultural de milhares de quilombolas. A exposição de fotos fica aberta por três meses no Museu Oscar Niemeyer.
Fonte: Paraná on line
Conhecer um pouco da história e da riqueza das cultura dos afrodescendentes que estão espalhados em 11 quilombos do País. É isso que o visitante da exposição de fotos e mapas Quilombolas Tradições e Cultura da Resistência vai poder apreciar a partir de hoje, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba.
A mostra já passou por 15 cidades e agora chega a capital paranaense para ficar por três meses. As fotos são do fotógrafo e documentarista paulistano André Cypriano que está no Peru, onde lançou a exposição em Lima na semana passada e retratam parte das tradições dos chamados quilombolas, como a culinária, o vestuário, as danças, a agricultura e as crenças.
O Brasil conta hoje com três mil quilombos em processo de reconhecimento, sendo que ao todo o País já tem sete mil comunidades de afrodescendentes (só no Paraná são oito).
As imagens são das comunidades negras remanescentes dos quilombos Cafundó (SP), Itamatatiua (MA), Oriximiná (PA), Kalunga (GO), Mocambo (SE), Rio de Contas – Barra do Brumado (BA), Conceição dos Caetanos (CE), Tapuio (PI), Curiaú (AP), Mumbuca (TO) e Campinho da Independência (RJ). A exibição é complementada pela apresentação de seis mapas, produzidos pelo geógrafo e pesquisador Rafael Araújo dos Anjos, além de textos explicativos.
Como conta a curadora da exposição, Denise Carvalho, o universo de 11 quilombos mostram fielmente o que é comum a todas as outras. Um livro de mesmo título, editado em 2006, foi o início dos trabalhos. Nele o leitor encontra 120 fotos, sendo que 40 estão na exposição do MON.
“Os quilombos têm uma importância histórica muito grande. Vemos que eles não são apenas uma reunião de afro-descendentes, mas os quilombolas já trabalham como uma cooperativa, eles carregam toda uma questão de trabalho comunitário. A exposição, além do valor estético grande, tenta minimizar preconceitos, que ainda é a maior queixa dos afrodescendentes. Com a exposição queremos mostrar como se dá o dia-a-dia dessas comunidades, tendo, assim, um avanço na cidadania”, disse Denise.
Para ela, as comunidades quilombolas ainda são muito pouco conhecidas em todo o mundo, o que contribui para o sucesso da exposição.
“Não se aprende na escola sobre quilombolas. É interessante a diferença de tratamento em todos os países. Por exemplo, aqui no Brasil, ‘quilombola’ significa ‘um lugar para estar com Deus’. Já na Argentina o termo representa ‘confusão'”, comentou.
Sobre Cypriano, Denise fala da sua sensibilidade ao produzir as fotos.
“Ele sabe que o que está em jogo em um trabalho como esse é o relacionamento humano. Essas fotografias falam de um enorme respeito pelo outro, pela cultura brasileira, pelas memórias ancestrais.”