Historiador cabo-verdiano defende que ideias de Cabral continuam “completamente atuais”

O historiador cabo-verdiano Lourenço Gomes defendeu, no âmbito de uma conferência sobre o 93.º aniversário de Amílcar Cabral, que hoje se assinala, que as ideias do líder da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau continuam “completamente atuais”.

Do DN

Foto: Reprodução/unicv.edu.cv

“A tese do homem novo, a ideia de que cada um deve lutar por mérito próprio e conseguir os seus próprios resultados à custa do seu trabalho é uma tese completamente atual. […] Defendia também a tese do primado da realidade, ou seja, levar em conta a nossa realidade, ver os aspetos positivos, aproveitar o que temos de bom e evitar os aspetos negativos”, sustentou Lourenço Gomes.

Durante a conferência, o historiador apontou como “tese mais forte” de Amílcar Cabral a da “valorização da identidade e da cultura africana e cabo-verdiana”.

A conferência “Cultura e Resistência, revisitar Amílcar Cabral”, que decorreu na segunda-feira, integra um conjunto de atividades promovidas em parceria entre a Fundação Amílcar Cabral, o Instituto Pedro Pires e o Ministério da Cultura para assinalar a data de nascimento do herói da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, que, se fosse vivo, celebraria hoje 93 anos.

No âmbito das celebrações, realiza-se hoje, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia, o concerto “Cantar Cabral e a Resistência”, que reúne mais de uma dezena de músicos cabo-verdianos e guineenses.

No mesmo local, está parente ao público até ao final de setembro uma exposição sobre a vida e obra de Amílcar Cabral, a partir do acervo do Arquivo Nacional de Cabo Verde.

A Fundação Amílcar Cabral está a promover também até 30 de setembro um concurso de graffitis destinado a jovens com o objetivo de valorizar áreas urbanas degradadas da Cidade da Praia.

“Cabral tem uma dimensão que nos ultrapassa, ultrapassa Cabo Verde, a Guiné-Bissau e África. É estudado nas universidades norte-americanas, europeias, brasileiras, um pouco por todo o lado. Isso dá-nos a ideia do que é a figura, mas também da projeção que tem hoje”, defendeu, por seu lado, o presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires.

Em declarações à Rádio de Cabo Verde, o ex-presidente da República cabo-verdiano sublinhou que o importante não é falar de Cabral hoje, mas “criar condições para que a sua memória permaneça”.

“Vamos trabalhar o seu espólio, tudo o que sobre ele se disse e se fez e vamos encontrar formas novas de garantir a perenidade daquilo que fez e que representa. O trabalho é contínuo e o importante é criar uma plataforma para pôr isso ao serviço dos investigadores e daqueles que se interessam”, acrescentou.

Nascido na Guiné-Bissau a 12 de setembro de 1924, filho de cabo-verdianos, Amílcar Cabral fundou o Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAICV), lançando as bases do movimento que levaria à independência das duas antigas colónias portuguesas.

Foi assassinado a 20 de janeiro de 1973, em Conacri, em circunstâncias ainda hoje não totalmente claras, antes de ver os dois países tornarem-se independentes.

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