Histórias de professoras negras: A presença da oralidade nas trajetórias de resistência

Míghian Danae Ferreira Nunes

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo/ FEUSP

[email protected]

 

Este trabalho insere-se numa discussão mais ampla sobre o acesso das mulheres negras à educação formal e no modo como resistiram ao racismo institucional, continuando presentes no espaço escolar e tornando-se professoras. Estudar as mulheres negras e seus percursos escolares é tarefa imprescindível se desejamos ampliar nossos conhecimentos acerca dos grupos sociais presentes em nossas escolas públicas; aqui, trago algumas conclusões sobre pesquisa em andamento no Mestrado em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) sobre as professoras negras de Educação Infantil da cidade de São Paulo, pesquisa esta vinculada às contribuições da história oral (MEIHY, 1996), entendendo-a como uma sistematização dos referenciais africanos de oralidade (BÂ, 1982), estes identificados no grupo afro-brasileiro pesquisado.

Os questionamentos que me levaram ao estudo mais aprofundado sobre esta temática iniciaram-se quando ingressei na rede municipal de São Paulo como professora de Educação Infantil, há seis anos; chegando à universidade para realizar estudos de pós-graduação, acreditei ser possível transformar minhas inquietações pessoais – fruto das relações que mantenho com meus grupos de pertencimento racial, de gênero e origem – em pesquisa. 

Percebi que o número de professoras negras ali era maior do que em escolas de ensino fundamental e médio, evento já comprovado em pesquisa realizada em 1985, tendo como autoras Lúcia Elena Oliveira, Rosa Maria Porcaro e Tereza Cristina Nascimento Araújo Costa, intitulada O lugar do negro na força de trabalho 1. Nesta publicação, pode-se perceber que as mulheres negras que estão no magistério atuam em maior número na Educação Infantil, comparado aos outros níveis de ensino. Constatações muito semelhantes também foram alcançadas pela pesquisadora Waldete Tristão de Oliveira em sua dissertação Trajetória de mulheres negras na educação de crianças pequenas no distrito de Jaraguá em São Paulo: processos diferenciados de formação e de introdução no mercado de trabalho:

(…) cada dia mais, surpreendia-me ao encontrar significativo número de mulheres negras atuando nesse tipo de instituição, diferentemente do que eu estava acostumada a ver e conviver desde o meu ingresso em Escolas de Educação Infantil (OLIVEIRA, 2006, p. 26).

{rsfiles path=”Historias_de_Professoras_Negras_Mighian_D_F_Nunes.pdf” template=”default”}

Fonte: Xincolab

+ sobre o tema

Grupo da FE discute relações étnico-raciais na educação

Na escola, nosso primeiro ambiente de convivência pública, construímos...

Enem: Mais de 4 mil participantes tinham acima de 60 anos

Entre os 3,3 milhões de estudantes que fizeram...

Piso salarial do magistério é constitucional, diz o STF

  O Supremo Tribunal Federal (STF) considera constitucional...

para lembrar

Candidatos a professores em SP têm de apresentar exames caros

Testes médicos exigidos de 12 mil candidatos custam mais...

Enem: AGU recorre de decisão da Justiça sobre segunda prova

A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou nesta quinta-feira...

MEC divulga lista dos aprovados no Sisu

Com um dia de antecedência, o MEC (Ministério da...
spot_imgspot_img

Estudo mostra que escolas com mais alunos negros têm piores estruturas

As escolas públicas de educação básica com alunos majoritariamente negros têm piores infraestruturas de ensino comparadas a unidades educacionais com maioria de estudantes brancos....

Educação antirracista é fundamental

A inclusão da história e da cultura afro-brasileira nos currículos das escolas públicas e privadas do país é obrigatória (Lei 10.639) há 21 anos. Uma...

Faculdade de Educação da UFRJ tem primeira mulher negra como diretora

Neste ano, a Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem a primeira mulher negra como diretora. A professora Ana...
-+=