Jovem levou um soco na cabeça, foi atirada violentamente ao chão e caiu desacordada. Agressor, que é faixa preta de jiu-jitsu, disse: “Não é hora de mulher estar na rua”. Identificado como Edson Diniz, ele fugiu do local
“Levei primeiro um soco violento na cabeça, próximo ao olho direito. Depois, não me lembro mais o que aconteceu. Meus amigos disseram que ele me atingiu ainda com uma espécie de rasteira e cai desacordada, batendo com a cabeça no chão”
O relato acima é da pedagoga Camila Wiebusch, de 28 anos. As informações foram confirmadas por testemunhas.
Tudo aconteceu na madrugada da última quarta-feira, na saída do Bar Nanam, no Rio de Janeiro.
O agressor foi identificado pela polícia. Trata-se de Edson Diniz, faixa preta de jiu-jitsu. Ele fugiu do local depois de agredir Camila de maneira covarde.
O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
“Meu olho ficou roxo e ainda há cortes na minha testa e na cabeça”, lamenta Camila.
Daniel Bouzas, de 33 anos, disse que a agressão foi tão violenta que Camila poderia ter morrido. Ele assistiu e chegou a enfrentar o agressor.
“Ele chegou sozinho e deliberadamente queria arranjar confusão, agredir alguém. Não foi rasteira, foi um golpe de muay thai. Camila podia ter morrido”, disse.
“O agressor envergonha uma classe de esportistas. Ele tem que ser punido pela Federação de jiu-jítsu, afastado dos ginásios, ser banido do esporte. Li que ele dá aulas na Barra da Tijuca. Isso não pode mais acontecer. Que lições ele vai passar para os alunos?”, questionou Daniel.
A confusão teve início quando o bar estava fechando. Edson abordou Camila quando ela e alguns amigos jogavam sinuca no Bar do Nanam. “Vou te ensinar a pegar no taco”, disse o homem, segundo contou Camila e seu amigo.
“Ele ficou me assediando e falando grosseiramente, de forma machista. Pedi para parar, cheguei a falar com os funcionários do bar, mas o homem continuou. Meus amigos tentaram afastá-lo, mas ele não parou. De longe ficava jogando beijinhos e dizendo que não era hora de mulher estar na rua”, afirmou Camila.
O assédio prosseguiu até Camila e os amigos deixaram o bar. “Fomos para o bar ao lado e ficamos tranquilos. Até que o sujeito voltou e ficou falando gracinhas. Aí eu não aguentei e pedi para ele sair, o xinguei e até o empurrei. Foi quando ele passou a desferir os golpes”, contou Camila.
O comerciante Antônio Gonçalves, o Nanam, confirmou toda a história. Disse que a confusão começou em seu bar, mas que a agressão aconteceu na rua.
Imagem: Edson Diniz, acusado de agredir Camila / Reprodução / Facebook
“Eu já tinha saído na hora que tudo aconteceu. Lamento muito. Se eu estivesse aqui no bar, isso não teria acontecido. Entrei em contato com a Camila, frequentadora do bar. É triste. Mas pode acontecer, principalmente com uma pessoa que nada tem a ver com o lugar”, disse Nanam.
Delegacia
Camila registrou queixa na delegacia e entregou aos policiais fotografias do agressor, que seria morador da Barra da Tijuca. Depois, ela foi ao Instituto Médico-Legal (IML), onde pretendia fazer exame de corpo de delito. Como os policiais civis estão em greve, não conseguiu. Procurou então atendimento no Hospital Municipal Rocha Maia, em Botafogo.
Edson Diniz, que nas redes sociais se apresenta como campeão brasileiro do esporte, foi ouvido pela delegada Gabriela Von Beauvais da Silva, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), do Centro. Edson negou as acusações, disse que apenas reagiu após ser agredido, mas sua versão não convenceu os policiais civis.
“Reunimos farto material mostrando que Camila sofreu ferimentos graves na perna e próximo ao globo ocular. Temos fotografias e muitas testemunhas. Estamos na fase de coleta de outras provas, mas ele pode ser sim indiciado pelo crime de lesão corporal. Não podemos permitir que isso (agressão) possa ocorrer. Principalmente envolvendo um profissional altamente treinado”, afirmou a delegada.
Versão de Edson Diniz
Cobrado por amigos e por alunos, o professor de jiu-jitsu Edson Diniz divulgou a seguinte nota nas redes sociais:
Na quarta-feira de madrugada estava em um bar como qualquer pessoa comum e houve uma discussão com um grupo . Ia sozinho embora quando passava pela rua e percebi um forte empurrão e alguns socos pelas costas, me senti acuado e atacado por este grupo, tentei apenas me defender para ganhar tempo e sair do local, parecia ter um sujeito que portava uma faca.
Não tive a intenção de machucar qualquer pessoa, HOMEM OU MULHER apenas me defendi da agressão sofrida e a verdade será esclarecida.
Ontem me apresentei espontaneamente para prestar esclarecimentos e para a minha sorte existem câmeras na rua, além de testemunhas que presenciaram a agressão, e tudo se restará provado, CONTRA PROVAS NÃO HÁ ARGUMENTOS.
Não estou me escondendo apenas triste, lamento muito pelo o que aconteceu.
Eu respeito todos os tipos de pessoas e não sou a favor de nenhum tipo de agressão contra ninguém independente de gênero, raça ou credo.