Investimentos de partidos em candidaturas LGTBQIA+ é só de 2%, diz estudo

Levantamento indica que avanço da representatividade política ainda é tímido no Brasil

Nesta terça, o Dia Mundial de Combate a LGBTQIA+fobia, 17 de maio, a organização #VoteLGBT divulgou um estudo mostrando que o Brasil avança a passos lentos para garantir a representatividade política dessa população.

Segundo o relatório A Política LGBT+ Brasileira: entre potências e apagamentos, nas cidades com até 500 mil habitantes, os partidos brasileiros investem apenas 2% do teto de gastos em candidaturas LGBTQIA+. Municípios menores conseguem garantir uma porcentagem um pouco maior, de 6%.

Os índices de investimento em candidaturas LGBTQIA+ são pequenos, mas representam determinado avanço, observados principalmente nas eleições mais recentes. 

“Tivemos números recordes de candidaturas e de eleitos, mas todas essas vitórias estão sendo construídas em um contexto de muita luta e, muitas vezes, a despeito dos partidos políticos”, afirma a pesquisadora, Evorah Cardoso, pesquisadora integrante do #VoteLGBT.

Ela ressalta que as candidaturas são subfinanciadas e que o apagamento é sentido dentro e fora dos partidos. “Sem apoio financeiro, elas ainda sofrem com as suas reais chances de disputa em muitas cidades do país. Estamos em todos os lugares, mas estamos isolados”.

Nas eleições de 2020, o movimento #VoteLGBT identificou 556 candidaturas LGBTQIA+. 97% delas foram eleitas, o que representa 17% do total. Em pesquisa com esse grupo, 49% dos entrevistados e entrevistadas relataram que já sofreram ataques por causa da orientação sexual.

As agressões vieram de dentro do próprio partido em 26% dos casos. Mais de metade das vítimas procurou ajuda com as legendas, mas não houve nenhum tipo de ação em 56%  das situações.

“O cenário da violência política está presente e não fica restrito às eleições. Continua nos mandatos eleitos, dentro dos partidos e das casas legislativas. Isso precisa ser combatido, pois existimos, não seremos apagados e nosso lugar é em todo lugar”, ressalta Evorah Cardoso.

Para chegar aos resultados, a organização #VoteLGBT iniciou a pesquisa em maio de 2021. Inicialmente, os próprios candidatos e candidatas passaram por entrevistas. Em seguida, os partidos receberam um questionário anônimo para avaliar a experiência de eleitos e eleitas LGBTQIA+. Dados oficiais da Justiça Eleitoral  e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também foram analisados.

+ sobre o tema

Homofobia na UFCA e o ódio o feminino – Por Jarid Arraes

Discursos de ódio e casos de racismo, homofobia e...

Filha de Raúl Castro lidera conga anti-homofobia em Havana

Fantasiados de havaianas e abraçados em bandeiras com as...

Pastor que fazia ‘cura gay’ é preso por abuso sexual de dois homens

Reverendo Ryan J. Muehlhauser pode pegar até dez anos...

Homofobia e violência no Sukiya

Jovem foi intimidado e agredido por garçom do restaurante...

para lembrar

De quando rechaçamos a política

Existe uma constatação muito fria e nociva sobre a...

Mulheres debatem alternativas para a crise política no livro “Tem Saída?”

Obra reúne ensaios de políticas e intelectuais sobre neoliberalismo,...

Alesp aprova suspensão de Fernando Cury por 180 dias por assédio a Isa Penna

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aumentou para...
spot_imgspot_img

Brasil quer levar desigualdade e impostos para a mesa de discussão do G20

O governo brasileiro pretende levar para a mesa de discussão do G20 os efeitos da desigualdade e sua relação como a política econômica e...

Primeira mulher trans a liderar bancada no Congresso, Erika Hilton diz que vai negociar ‘de igual para igual’

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) foi aclamada nesta quarta-feira como líder da bancada da federação PSOL-Rede, que hoje conta com 14 deputados, se tornando a...

ONG contabiliza 257 mortes violentas de LGBTQIA+ em 2023

Em todo o ano passado, 257 pessoas LGBTQIA+ tiveram morte violenta no Brasil. Isso significa que, a cada 34 horas, uma pessoa LGBTQIA+ perdeu...
-+=