Jennifer Lawrence relembra seu “humilhante” início como atriz

“Deixei que me tratassem de uma certa maneira porque sentia que fazia isso pela minha carreira”, revelou

Do El Pais 

“Quando era bem mais jovem e começava [minha carreira], os produtores de um filme me pediram para perder 15 libras [cerca de 7 quilos] em duas semanas”, revelou Jennifer Lawrence nesta segunda-feira à noite em um evento para mulheres de Hollywood, organizado pela revista Elle em Los Angeles. Hoje ela é uma atriz de renome, ganhadora de um Oscar e com outras três candidaturas ao prêmio mais importante da indústria. Também se converteu em uma das estrelas mais bem pagas do cinema. Mas em um momento em que Hollywood vive o escândalo sexual protagonizado pelo produtor Harvey Weinstein, a intérprete, de 27 anos, fez um discurso para contar os episódios degradantes que teve que viver quando tentava conquistar um espaço como atriz. Ela obteve seu primeiro papel em um filme aos 18 anos, quando trabalhou em Garden Party, de 2008.

Depois de contar sobre o pedido para que perdesse peso, e sabendo que uma atriz antes dela havia sido demitida por não ter emagrecido suficientemente rápido, Lawrence viveu ainda um episódio degradante. “Nesta época, uma mulher produtora me fez dizer umas falas [de um roteiro] nua, em uma fila com outras cinco mulheres que eram muito, muito, mais magras que eu. Estávamos de pé, uma ao lado da outra, só com as nossas partes íntimas cobertas com fita adesiva. Após este momento humilhante e degradante, a produtora me disse que deveria utilizar essas fotos, nas quais eu aparecia nua, como inspiração para minha dieta”, revelou Jennifer Lawrence ao público, sobre uma situação em que, insistiu, se sentiu “presa” por sua falta de poder naquele momento: “Não conseguiria ter feito com que mandassem embora um produtor ou diretor”.

Ela tentou dizer a outro produtor que as recomendações não eram apropriadas. “Ele me disse que não sabia porque todo mundo pensava que eu estava gorda. Ele me achava perfeitamente comível”. “Permiti que me tratassem de uma certa maneira porque senti que precisava fazer isso pela minha carreira. Era jovem e me encontrava neste limite entre ser fiel a mim mesma sem ser tachada de difícil, algo de que, sim, me chamaram. Mas acho que a palavra que usaram foi pesadelo”, brincou a atriz, no evento cujo objetivo era, justamente, dar uma maior visibilidade à mulher dentro do mundo do cinema. “Ainda estou aprendendo que não tenho que sorrir quando um homem me faz sentir desconfortável. Em um mundo perfeito, cada ser humano deveria poder ser tratado com respeito, porque são humanos. Mas até que cheguemos a isso, eu vou emprestar meus ouvidos a qualquer garoto, garota, homem ou mulher que sinta que não pode se proteger sozinho”.

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