Jovem homossexual faz desabafo após ter sido agredido em Olinda

Marcos Valdevino passeava com amigos quando apanhou e foi xingado

 

Por Jéssica Lauritzen Do O Globo

Após ter sido agredido quando passeava pelas ladeiras de Olinda, em Pernambuco, o universitário Marcos Valdevino, de 20 anos, publicou desabafos no Twitter sobre “o preço que paga por ser gay no Brasil”. Na noite deste domingo, quando estava com quatro amigos na Rua 13 de Maio, ele foi golpeado no rosto. Ao correr assustado, o jovem acabou caindo enquanto descia uma escadaria, o que lhe rendeu arranhões pelo corpo, torção no pé e fratura na mão.

Enquanto aguardava colegas que usavam o banheiro, por volta das 18h30m, ele conversava com um amigo poucos metros à frente e conta que foi surpreendido pelo agressor, sem motivo aparente.

O homem deu um soco em um dos banheiros, eu ouvi o barulho, olhei para trás e depois voltei a conversar. De repente, levei o primeiro tapa dele no rosto, sem saber o que estava acontecendo. Ele me xingou de ‘viado’ e tentou me agredir mais. Finalmente eu consegui fugir, chorando de dor, ou não estaria aqui para contar essa história. Ainda ouvi ele dizer: “vai beijar para lá” — relata.

Com a ajuda dos amigos, ele chamou um policial e pediu ajuda, também para encontrar um posto médico. Segundo ele, o agente afirmou que não havia atendimento de emergência no local e que não poderia fazer nada pelo caso dele. Foi então que o rapaz pegou uma condução até a casa de parentes e conseguiu ser atendido em uma UPA.

Aluno da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Valdevino é natural do Recife e diz que esta foi a primeira vez que sofreu um ato homofóbico, mas que já ouviu muitos relatos parecidos.

— A Rua 13 de Maio é conhecidamente muito frequentada pelo público LGBT. Nós criamos nossos espaços e andamos sempre juntos justamente por esses atos de homofobia, para evitar confrontos — frisa.

“Pensei que já tinha parado de chorar, mas eu simplesmente não consigo. Dói, amigos. Dói muito”, escreveu Valdevino em uma das mensagens no Twitter. Em outra passagem, ele usa um arco-íris, símbolo do movimento LGTB, para declarar “nós não vamos parar! resistir sempre”.

— Eu fiquei muito abalado, mas estou tentando não converter o susto em medo, e sim em força. Quero que as autoridades atentem para o fato, que não é isolado. O meu caso se tornou público ontem, em uma prévia de Carnaval, mas isso acontece o ano todo — destaca Valdevino.

Diversos usuários da rede social se solidarizaram com a história do rapaz, publicando palavras de apoio com o mesmo símbolo.

Marcos é e sempre foi uma pessoa pacífica e gentil, sempre respeitou o próximo a fim de que existisse reciprocidade. O que fizeram foi um crime de ódio hediondo, reflexo de uma sociedade patriarcal e hipócrita. Todos estamos muito abalados com o acontecido, com o sentimento de impotência, mas esperamos justiça. A luta contra a homofobia não vai parar! — diz Leticia Moura (Lady Sith, no Twitter), sua colega de faculdade.

+ sobre o tema

Joacine Katar Moreira dá voz a 100 pessoas contra o racismo

A “forma mais eficaz de combate ao racismo e...

Alemanha passa a reconhecer ‘terceiro gênero’ nas certidões de nascimento

A Alemanha legalizou nesta sexta-feira (14) a existência de...

Do abrigo lotado à faculdade de direito: a saga de Nadine, uma haitiana no Brasil

Enquanto uma multidão se acotovelava à espera das quentinhas...

Primeira deputada negra do Brasil é reconhecida como doutora

Há reconhecimentos que custam a chegar. No caso de...

para lembrar

Quatro páginas do Facebook para conhecer mulheres incríveis

Sinto desapontar quem chegou aqui achando que receberia dicas...

Ex de Luana Piovani é condenado a 4 anos por agredir namorada

Christiano Rangel está foragido e já tem prisão preventiva...

Moradores da Maré lamentam morte de Marielle Franco: ‘Tentaram calar’

"Sou mulher, negra, mãe e cria da favela da...
spot_imgspot_img

Conheça o Conselho Nacional de Mulheres Negras, criado 18 de maio de 1950

Há mais de sete décadas, no dia 18 de maio de 1950, era criado o Conselho Nacional de Mulheres Negras, uma organização pioneira do...

Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexo, lançam Comitê Impulsor Nacional para a Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

Durante a abertura da 12ª edição do SENALESBI – Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais, que acontece de 16 a 18 de maio em...

No DR com Demori, Cida Bento debate a desigualdade racial no Brasil

O programa DR com Demori, da TV Brasil, recebe nesta terça-feira (13) a psicóloga e escritora Cida Bento, que já figurou entre as 50...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.