Fonte: Terra –
Um juiz de paz da Louisiana se negou a unir um casal inter-racial, segundo publica nesta sexta-feira a agência de notícias AP. Keith Bardwell, de Tangipahoa Parish, alegou ter tomado a decisão em benefício dos filhos que o casal pode ter. Pois, segundo sua experiência teria demonstrado, as uniões entre casais inter-raciais não duram.
“Eu não sou racista. Eu só não acredito na mistura de raças desta maneira. Tenho muitos amigos negros. Eles vêm a minha casa, usam meu banheiro, os caso. Trato-os como todos os demais”, afirmou Bardwell à AP.
O juiz disse ainda que já discutiu o assunto com negros e brancos e que chegou à conclusão de que a maioria da sociedade não aceita facilmente os filhos desses casamentos. Nem a sociedade negra, nem a branca. “Há um problema com ambos os grupos para aceitar uma criança de tal união. Acredito que são as crianças que sofrem e não quero contribuir para isso”, disse Bardwell.
O juiz acredita que tenha se negado a casar aproximadamente quatro casais ao longo dos dois últimos anos.
O casal Beth Humphrey, 30 anos, e Terence McKay, 32 anos, estuda apresentar uma queixa por discriminação à Justiça americana. Beth, gerente de contas de uma empresa, afirmou que ela e McKay acabam de instalar-se na Louisiana. Ela é branca e ele negro.
“O que aconteceu é inacreditável. Nunca imaginamos que isso pudesse ocorrer a essa altura”, disse a mulher. Ela contou que telefonou para o juiz no dia 6 de outubro para perguntar como poderia obter uma licença de casamento e a mulher de Bardwell lhe disse que ele não assinaria a licença para um casal inter-racial e lhe recomendou que procurasse outro juiz.
“É realmente surpreendente e decepcionante ver isso acontecer em 2009”, disse à AP a advogada Katie Schwartzmann, da União Americana para as Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês). Segundo ela, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu em 1967 que “o governo não pode dizer às pessoas se elas podem ou não se casar”.
A ACLU enviou uma carta ao Comitê Judiciário da Louisiana, que supervisiona os juízes de paz do Estado, pedindo-lhes para investigar Bardwell e recomendando “as sanções mais severas, devido à intolerância flagrante, que constitui uma grave ameaça para a administração da Justiça”. “Ele sabia que estava infringindo a lei, mas continuou a fazer isso”, disse Schwartzmann.