Justiça de SP condena homem por racismo no Orkut

Ele teve pena de reclusão transformada em prestação de serviços. Réu usou tio negro como testemunha de defesa.


A juíza Maria Isabel Rebello Pinho Dias, da 16ª Vara Criminal de São Paulo, condenou um homem de 27 anos acusado de racismo pela internet a dois anos, quatro meses e 24 dias de prisão. Ele respondeu a um processo originado em 2008 pelo crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. As agressões foram difundidas por meio do site de relacionamentos Orkut. Como a condenação foi inferior a quatro anos de reclusão e o acusado é réu primário, a pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade. A sentença é de 28 de fevereiro de 2011.

O Ministério Público Estadual acusou o homem de ter adicionado no seu perfil do Orkut as comunidades “coisas que odeio: preto e racista”, “Adolf Hitler Lovers”, “Sou racista” e “racista não, higiênico!” De acordo com a sentença, o rapaz afirmou que há negros em sua família e não teria motivos para ser racista. Ele reconheceu que fez comentários infelizes, mas disse que na época não pensava sobre suas consequências.

A juíza não cedeu a esse argumento. “Em que pese o acusado sustentar que apenas fez comentários infelizes, com intenção de brincadeira e discussão, tal alegação deve ser rechaçada, pois não é admissível que a livre manifestação de pensamento seja usada como subterfúgio para condutas abusivas e lesivas a um dos objetivos da República Federativa do Brasil, qual seja, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, disse a juíza.

Um homem negro se apresentou testemunha de defesa e disse ser tio do réu. A juíza entendeu que isso em nada beneficiou o acusado. “Possuindo pessoas do seu círculo familiar da raça negra, o réu deveria dar o exemplo, abstendo-se de colocações racistas, há tanto tempo combatidas em nossa sociedade.”

De acordo com o promotor de Justiça Christiano Jorge dos Santos, o agressor é integrante de uma família de classe média baixa, tinha cursado apenas o ensino médio e vivia às custas da avó. O promotor realizou investigações de crimes de racismo na internet que chegaram à pagina do acusado. Um estagiário do Ministério Público entrou em contato com o rapaz, que admitiu as mensagens racistas.

 

Fonte: Guiame

+ sobre o tema

Jeferson Tenório narra as cotas raciais como ‘revolução silenciosa’ nas universidades

"Num primeiro momento, eles tinham curiosidade sobre mim", escreve...

O nosso lugar é na periferia: o racismo sutil deixando de ser sutil

por Mirela Oliveira  A nossa maioria se acostuma a só dar...

Polícia prende 14 após ‘rolezinho’ em shopping na zona sul de São Paulo

Por Wanderley Preite Sobrinho Jovens foram detidos para averiguação...

para lembrar

Eleições França: Um negro contra Sarkozy e Le Pen

Vitórias de Ali Soumaré, candidato socialista de origem maliana,...

II Marcha contra o genocídio do povo negro aconteceu em 13 países

Autodefesa e dissolução da PM são algumas das reivindicações Foi...

O que pode ensinar um professor que odeia pretos e pardos?

O Brasil vive tempos sinistros. Mesmo no mundo acadêmico,...

5 Reasons Why the Amarildo Case Is Important

It's been a month since Amarildo de Souza...
spot_imgspot_img

Geledés repudia caso de racismo contra Vera Lúcia, ministra do TSE  

A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Vera Lúcia Santana Araújo, sofreu um episódio de racismo no dia 16 de maio. A magistrada foi...

Ministra do TSE relata humilhação e racismo em evento do governo: ‘Vou ajuizar tudo, indignidade’

A ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Vera Lúcia Santana diz se sentir humilhada e promete entrar na Justiça após denunciar episódio de racismo em evento do governo...

Caso João Pedro: família cobra júri popular para policiais acusados

Familiares e defensores dos direitos humanos protestaram nesta terça-feira (20) com faixas em frente a sede do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), no centro...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.