Kevin Wilshaw, de 58 anos, passou toda a vida adulta promovendo o supremacismo branco, mas foi alvo de abusos dentro do próprio movimento
no Opera Mundi
Um proeminente líder neonazista da Frente Nacional (NF) britânica deixou o movimento após se declarar gay e revelar a sua herança judaica. Ele fez as revelações sobre seu passado violento enquanto renunciava ao extremismo de extrema direita.
Kevin Wilshaw, de 58 anos, passou toda a vida adulta promovendo o supremacismo branco e era uma figura de alto perfil na Frente Nacional na década de 1980. Em 2017, ele ainda fazia discursos em eventos extremistas e havia sido preso em março.
Ao Channel 4 News, ele admitiu atos de violência e racismo, incluindo esmagar uma cadeira sobre a cabeça de uma pessoa em Leeds e vandalizar uma mesquita em Aylesbury. Ele disse que ele se juntou ao movimento “porque não tinha muitos amigos na escola”, e estava procurando “camaradagem” e ser “um membro de um grupo de pessoas que teve um objetivo”.
“Mesmo que você acabe em um grupo de pessoas que, por meio de suas próprias visões extremas, são excluídas da sociedade, você tem uma sensação de camaradagem na qual você é membro de um grupo que está sendo atacado por outras pessoas”, acrescentou.
Wilshaw se juntou ao Partido Nacionalista Britânico (BNP) aos 18 anos, depois de um período com a NF, e também se envolveu com grupos marginais violentos, como a Força de Voluntários Raciais. De acordo com a Hope Not Hate (Esperança, Não ao Ódio), uma instituição de caridade que “faz campanha para combater o racismo e o fascismo”, Wilshaw pertencia à extrema-direita desde 1974.
Wilshaw disse que ele finalmente percebeu que o racismo era “lixo” e desistiu da extrema direita depois de ser alvo de abusos dentro do movimento por conta da sua sexualidade.
“É uma coisa terrivelmente egoísta de se dizer, mas é verdade: vi pessoas abusadas, ofendidas, cuspidas na rua – não é nada até quando esteja sendo dirigido a você e, de repente, você percebe que o que está fazendo é errado”, disse ele.
O agora ex-neonazista diz se sentir “terrivelmente culpado” por seu passado e agora quer lutar contra o racismo, embora ele tenha dito ter medo de represálias da extrema-direita para sua “traição”.
Islamofobia
Novos números divulgados na terça-feira (17/10) revelaram um enorme aumento nos crimes islamofóbicos relatados em Londres no ano passado. Um total de 17.042 crimes raciais ou religiosos foram relatados para policiais nos 12 meses anteriores até abril de 2017, em comparação com 16.762 no ano financeiro anterior.
O aumento mais acentuado foi registrado entre os crimes anti-islâmicos, com as ofensas subindo 25%. Os crimes homofóbicos aumentaram 6% e as infrações antissemitas, 4,5%.
O governo também foi instado a abrir um inquérito sobre o extremismo de extrema-direita nas Forças Armadas, depois que quatro soldados foram presos por serem supostos membros de um grupo neonazista proibido chamado Ação Nacional.