Livro mostra estudo que aponta ascensão do negro na Polícia Militar

Primeiro estudo no estado focando o policial afrodescendente na corporação, o livro ” O negro na Polícia Militar: crime, cor e carreira no Rio de Janeiro”, do jornalista e professor da PUC-Rio, Carlos Nobre, foi lançado, no último dia 12 de maio, na Câmara de Vereadores, pela Editora Multifoco, da Lapa.

 

O autor ficou dois anos estudando policiais negros em cinco unidades da corporação: Batalhão de Policiamento Turístico (Bptur), Grupamento de Apoio em Áreas Especiais (Gpae Pavão-Pavãozinho e Cantagalo), 12º. BPM(Niterói), 19º. BPM (Copacabana) e Quartel-General(Centro).

 

Uma das constatações mais significativas do estudo ( foram ouvidos 49 praças e oficiais negros através de entrevistas com duração de duas horas) é que a PM é a instituição estatal no Rio que quem mais emprega negros. Pelo menos, 60% da tropa (oficias e praças) são afrodescendentes, segundo Nobre. Se levados em conta somente os praças, o percentual de afrodescendentes sobe para 66%.

 

Os negros na PM, segundo o estudo, realizado entre 2000-2001, chegam a 42% dos oficiais da corporação, um proporção quase que igualitária entre brancos e negros na instituição que controla a ordem pública. Segundo Nobre, os negros descobriram uma porta de ascensão na PM fluminense e se tornaram grandes nomes da instituição

 

O livro apresenta ainda algumas constatações tais como: cerca de75 % dos entrevistados acreditam que na Polícia Militar não existe racismo, mas sim uma espécie de “racismo velado”. Neste tipo de racismo, não se discrimina claramente o outro.

 

No entanto, os policiais negros, em sua grande maioria, acham que lá fora, na sociedade, o racismo é maior e mais persistente. Como policiais, acreditam, já foram discriminados por negros e estarem atuando numa profissão que controla o cidadão nas ruas.

 

Os policiais negros confessam ao pesquisador que, nas ruas, o negro é mais discriminado pelos próprios policiais ( sejam brancos ou negros) , isto é, eles, os negros são os mais suspeitos de cometerem crimes. Segundo os ouvidos, este estereótipo criminoso vem dos tempos da escravidão e infelizmente é seguido até hoje como padrão por muitas organizações policiais.

 

Em relação à segurança pública, os oficiais negros em sua maioria não têm dúvidas em apontar o coronel negro Carlos Magno Nazareth Cerqueira como o policial que revolucionou a PM, pois, introduziu muitas novidades (policiamento comunitário, policiamento turístico, estudos de criminalidade etc) na corporação.

 

O reconhecimento da importância de Nazareth Cerqueira não foi feita apenas pelos policiais negros, mas também por brancos, como ex-comandante da PM, Sérgio da Cruz, ex-aluno de Cerqueira, que via nele, um policial sofisticado e de idéias transformadoras, que acabaram mudando a forma da corporação atuar pós ditadura militar.

 

Os oficiais negros, em termos ideológicos, seguem três correntes, ou seja, são a linha repressiva (ataques diretos ao narcotráfico uso da força etc) ou da linha prevencionistas, que respeitam os direitos humanos, vêm a criminalidade como foco social e acham que a repressão não resolve sozinha a questão da criminalidade, ou mimetistas, uma espécie de fusão entre as duas primeiras.

 

 

Fonte: SRZD

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