Lula elege educação como maior legado de seu governo

Presidente afirmou que além da educação, também democratizou o Palácio do Planalto: “Antes, só passava por lá banqueiro”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegeu nesta sexta-feira a educação como o maior legado de seu governo e não poupou críticas às gestões anteriores ao falar dos “notórios avanços” do setor no País ao longo dos oito anos em que esteve na Presidência. “Nunca antes na história desse País se fez tanto pela educação desde o nível básico até o ensino superior”, avaliou Lula, durante inauguração de obras no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na região central do Rio Grande do Sul.

O petista disse que “desde o primeiro dia de governo” fora encomendada pesquisa para que se soubesse qual era a maior preocupação dos brasileiros. “Todos foram unânimes, 100% da população disse que era preciso investir em educação. Mas 80% deles acreditava que nós não conseguiríamos fazer uma educação com qualidade”, disse.

Lula afirmou que o momento pelo qual o Brasil passa é de mudança de mentalidade e de comportamento com relação à educação, e que tudo isso foi iniciado em seu governo. “Foi uma decisão de governo nossa para transformar radicalmente a educação do País. Eu disse para o Haddad (Fernando Haddad, ministro da Educação) que queria um plano revolucionário para a educação do País. Ele me disse que seria caro e eu aceitei.”

Nos pouco mais de 20 minutos em que discursou, Lula disparou críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso, embora não tenha feito menção ao nome do tucano. “No meu governo eu proibi que ministro meu dissesse que investir em educação é gasto. Queremos ‘espraiar’ as universidades federais”, disse. Ele afirmou que a precariedade das universidades federais do País foram combatidas com êxito.

Ao discursar, o ministro da Educação citou que a “interiorização e democratização” do ensino superior proporcionaram que o Brasil hoje tenha passado de 113 mil vagas em universidades federais para mais de 250 mil. “Antes o orçamento do MEC (Ministério da Educação) era de menos de R$ 20 bilhões, hoje estamos em R$ 67 bilhões”, disse. “Não se paga uma dívida de 100 anos em oito, mas muito foi avançado.”

Preconceito

Sobre as ações realizadas na educação ao longo de seus dois mandatos, Lula disse que esse será o “mote” do próximo governo. “Quem me suceder vai ter de fazer muita coisa. E digo mais: para o século 21 temos de exportar conhecimento e inteligência. Não podemos nos contentar em sermos líderes em exportação de carne, de laranja. Isso é coisa do passado”, afirmou ele, ao citar que o governo tem o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para Ciência e Tecnologia, com recursos de R$ 70 bilhões para fomento da área.

Lula ainda afirmou que não democratizou apenas a educação, mas também o Palácio do Planalto. “Antes só passava por lá banqueiro, príncipe, princesa, só realeza. Nós estabelecemos uma nova relação, catadores entraram lá e não foi preciso trocar de roupa”, disse. “O preconceito é uma doença. Antes o País era governado para 35% da população. Mudamos essa lógica preconceituosa e perversa. Um dia o preconceito vai poder ser diagnosticado por ressonância magnética e alguém vai inventar uma injeção para tirar o preconceito da cabeça da pessoa.”

Por várias vezes Lula foi interrompido por aplausos e gritos de apoio. O ex-ministro do governo petista e ex-governador gaúcho Olívio Dutra (PT) estava presente à cerimônia. De Santa Maria, o presidente partiu para Esteio, também no Rio Grande do Sul, onde ocorre a 33ª Expointer, no Parque Assis Brasil.

Fonte: Último Segundo

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