Mãe reclama de repressão em enterro de preso político em Cuba

Orlando Zapata morreu na véspera da visita do presidente Lula à ilha


Membros da oposição cubana se reúnem em uma vigília simbólica em memória de Orlando Zapata, que morreu após greve de fome; um deles segura cartaz com a foto do dissidente


O preso político Orlando Zapata, que morreu na terça-feira (23) após uma greve de fome de dois meses e meio, foi enterrado nesta quinta-feira (25) na cidade de Banes, 850 km ao leste de Havana, sob intensa vigilância dos agentes de segurança e em meio a prisões domiciliares, contou a mãe do dissidente, Rosa Tamayo.

 

Zapata, um pedreiro de 42 anos, morreu no hospital de Havana para o qual foi transferido da prisão por causa das sequelas da greve de fome que iniciou em dezembro para protestar contra as condições carcerárias. Ele morreu na véspera da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve ontem na ilha.

 

Acompanhada de dezenas de pessoas, Rosa Tamayo, de 60 anos, esteve à frente do cortejo, num percurso de poucos quilômetros, de sua casa ao cemitério de Banes, para onde o corpo foi levado em carro fúnebre.

 

Muito emocionada, ela disse por telefone dessa localidade na província oriental de Holguín:

– Acabamos de sepultá-lo, muitos irmãos [dissidentes] me acompanharam, mas sofremos repressões até o último instante do percurso. Queríamos carregar meu filho nos braços, mas não pudemos.

 

Em ato incomum, o presidente cubano Raúl Castro lamentou nesta quarta-feira a morte de Zapata, mas irritou mais uma vez a comunidade internacional ao negar a prática de torturas em Cuba. Ele responsabilizou por esse tipo de situação o governo dos Estados Unidos, a quem acusou de financiar a oposição com cerca de R$ 92 milhões (R$ US$ 50 milhões) anuais.

 

Tamayo, que teve a casa vigiada por dezenas de agentes de segurança, afirmou:

– A morte de meu filho tem que me dar muita força, valor. Esta mãe não admite nenhuma mensagem de condolências de Raúl Castro, porque eles mataram meu filho.

 

Zapata considerado pela Anistia Internacional um dos 55 “prisioneiros de consciência” dos 200 presos políticos de Cuba.

 

Logo após a morte, mais de 30 dissidentes foram detidos temporariamente, muitos em suas casas, para impedir que participassem do funeral, segundo Elizardo Sánchez, da Comissão de Direitos Humanos (CCDHRN), considerada ilegal no país.

 

A polícia se posicionou nos arredores da casa de Rosa Tamayo, na funerária, no cemitério e na entrada da aldeia, relatou Berta Soler, do grupo Damas de Branco, formada por esposas de presos políticos. Berta foi a Banes junto com outras opositoras, como Martha Beatriz Roque, para expressar condolências.

 

Em Havana, presos políticos já libertados e opositores colocaram faixas negras nas portas de suas casas e acenderam velas diante de um retrato de Zapata. Isso aconteceu na residência de Laura Pollán, uma das líderes das Damas de Branco, que abriu um livro de mensagens de pêsames. O livro já registrava 135 assinaturas.

 

“Que esta atrocidade lance luz sobre os presos de consciência e por motivos políticos que ainda estão nos cárceres cubanos”, escreveu no livro Yoani Sánchez, que se tornou famosa por seu blog.

 

Zapata é o primeiro preso político a morrer nas prisões da ilha desde 1972, quando morreu o dissidente Pedro Luis Boitel, depois de 53 dias de greve de fome.

 

Copyright AFP – Todos os direitos de reprodução e representação reservados

 

Fonte: R7

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