Maioria dos alunos já testemunhou cenas de preconceito racial na escola

Por: Conceição Freitas

 

A maioria dos alunos da rede pública de Brasília, 55,7%, já testemunhou cenas de preconceito racial na escola. Entre os alunos negros, 30% disseram ter sofrido discriminação. A pesquisa, realizada em 2008, entrevistou 9.937 alunos e 1.330 professores da 5ª série do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Foi feita pela Secretaria de Educação em convênio com a Rifla (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana). O resultado é um livro de 495 páginas, Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas, acessível pelo site www.se.df.gov.br.

Entre os alunos entrevistados, 45% se declararam pardos, 13% se revelaram negros e 22%, brancos. Entre os professores, 42% se disseram brancos. Outros 37% se reconhecem pardos e 10% afirmam ser negros.

Universo de diversidade racial, as escolas estão reproduzindo a discriminação e o preconceito que existe do lado de fora. “Até que ponto a escola está sendo coerente com sua função social quando se propõe a ser um espaço de preservação e incentivo da diversidade cultural e racial brasileira?”, pergunta Miriam Abramovay, coordenadora da pesquisa.

Há três meses, a Secretaria de Educação criou uma coordenação de diversidade na Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação (EAPE) com o objetivo de preparar professores, orientadores e servidores para atuar em três temáticas consideradas prioritárias: sexualidade, gênero e relações étnico-raciais. “Vamos levantar a demanda das escolas, oferecer formação e assistência aos professores para que eles saibam como tratar os conflitos de diversidade sem inviabilizar a diferença e, ao mesmo tempo, transformá-las em enriquecimento do processo pedagógico e não de exclusão escolar”, diz a professora Leila Dark, uma das coordenadoras de diversidade.

Todas as escolas da rede pública do DF já cumprem a Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o estudo de história e cultura afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio.

PARA LER

Superando no racismo na escola, Kabengele Munanga (organizador), Ministério da Educação, 2005. É um livro voltado para educadores, mas numa linguagem acessível a qualquer leitor. Reúne artigos de autores diversos com reflexões sobre o preconceito e a discriminação racial no cotidiano escolar. Ao mesmo tempo, os autores sugerem possibilidades de superação do racismo em sala de aula.

 

Fonte: Correio Braziliense

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