Malala ‘é guerreira’, diz brasileira que dublou discurso da paquistanesa

Yolanda, de 15 anos, vive no Capão Redondo, em SP, com a família.
Ela é a única brasileira de vídeo em homenagem a Malala que virou hit.

Por Ana Carolina Moreno, do G1

Yolanda Barbosa, de 15 anos, participou de vídeo feito em 12 países em homenagem a Malala
(Foto: Reprodução/Plan International)

A estudante Yolanda Barbosa, de 15 anos, já tinha ouvido falar de Malala Yousafzai em novembro, quando foi convidada a participar de uma homenagem mundial à jovem paquistanesa que, neste mês, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua defesa da educação para todas as meninas do mundo. “Mas eu não conhecia a história dela”, disse ao G1 a adolescente do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, única brasileira entre as 40 estudantes de 12 países que participaram do vídeo. Desde que ele foi publicado, as versões em inglês e com tradução para o português já foram vistas por mais de 100 mil vezes no YouTube.

Segundo Yolanda, o vídeo serve para ajudar a espalhar a história de Malala, para “poder mostrar a outras pessoas também quem ela é e o que ela fez”.

Desde que sobreviveu a um atentado do Talibã, Malala Yousafzai se tornou uma das principais vozes em favor da educação de meninas em todo o mundo. No discurso, que teve trechos repetidos em inglês por Yolanda e as outras 39 garotas, Malala diz que fala “para que as [meninas] que não têm voz possam ser ouvidas” e em nome das pessoas que lutam por seu direito de ter oportunidades iguais, de viver em paz e de receber educação.

Yolanda afirma que a mensagem da adolescente paquistanesa, além de ser tocante, também é atual e se aplica ao Brasil. “Na minha opinião, a educação aqui é ruim, pelo menos onde eu moro.”

Veja a jovem brasileira no vídeo em homenagem a Malala Yousafzai:

A adolescente paulistana passou no vestibulinho das Escolas Técnicas (Etecs) e em 2014 saiu do colégio estadual onde estudava. Segundo ela, a diferença entre as duas é grande. “Na época [a escola estadual] era muito ruim. Eram poucas as pessoas que se interessavam e não tinham professores”, explicou ela. “A Etec é um sistema de escola diferente, ensino técnico. E só entra nessas escolas quem passa no vestibulinho deles. Essas escolas são valorizadas aqui por terem um bom ensino e ser do estado. A diferença realmente é grande, a infraestrutura é bem maior, laboratórios… E não tem falta de professor, também [tem] bastante lição de casa.”

Gravação em inglês
Filha de um jardineiro e de uma doméstica, Yolanda mora com os pais e o irmão de nove anos e, como gosta de desenhar, pretende seguir carreira na área artística. Mas, ao contrário de muita gente, ela afirma que o ensino superior não é sua única opção. “Às vezes o vestibular não é a única opção”, explicou.

A produção da parte brasileira do vídeo foi feita em novembro. “Foi meio repentino, me indicaram pra falar inglês em um vídeo, mas até então eu não sabia do que se tratava”, relembra a jovem.

 

A gravação em inglês não intimidou a adolescente brasileira. O problema foi vencer o nervosismo. “Tenho facilidade [com o inglês]. Eu adorei participar, eu sou muito tímida e pra mim foi um pouco difícil, mas depois de um tempo eu fiquei mais tranquila”, disse ela. “Nós gravamos o vídeo todo. Disseram que gostaram e pediram pra eu gravar de novo.”

Na versão final, a estudante aparece três vezes durante os cerca de três minutos de vídeo, principalmente na parte em que o discurso cita a pobreza como um dos problemas a serem combatidos, ao lado do analfabetismo e do terrorismo.

“Eu achei uma homenagem muito bonita pra poder mostrar a outras pessoas também quem ela é e o que ela fez”, afirmou Yolanda. “O discurso é muito lindo e tocante.”

 

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