Mangueira: Sargento espera que UPP ‘bote as coisas no lugar’

O cantor e compositor Nelson Sargento, de 86 anos, um dos personagens mais tradicionais do morro da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro, diz acreditar que a ação policial que ocupa a comunidade vai “botar as coisas no seu lugar” e contribuir para que moradores da favela tenham maior acesso à saúde, educação e assistência social.

– Se não for para isso, não adianta fazer a pacificação. É para trazer paz, alegria, saúde, educação, assistência social, creches, mais escolas. Tudo isso faz parte dessa pacificação. Isso vai acontecer, não tenha dúvida de que vai –, diz ele.

Desde o domingo o local é ocupado por forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro para expulsar o tráfico armado e, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o morro da Mangueira vai receber uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) com 380 policiais, superando o tamanho das demais.

Será a 18ª UPP instalada em favelas no Rio, no programa de segurança pública iniciado pelo governo de Sérgio Cabral no fim de 2008.

A entrada na comunidade era considerada essencial para os jogos da Copa de 2014 no Rio, já que ela fica no acesso para o estádio do Maracanã – que está passando por uma reforma que custará quase R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

O compositor evita falar sobre a atuação do tráfico da comunidade. Argumenta que saiu de lá quando a realidade ainda era outra.

– Não cheguei a ver essa convivência desastrosa, então não poderia dizer como aconteceu isso. Mas simplesmente aconteceu. O importante, agora, é por um fim a essa situação.

Ele conta que a favela em que cresceu tinha um ambiente tranquilo.

– Era uma comunidade pobre mesmo. A alegria que se tinha era a escola de samba. As crianças soltavam pipa, jogavam bolinha de gude –, lembra.

– O progresso ainda não tinha corrompido esse tipo de convivência.

‘Agoniza, mas não morre’

Perguntado que samba dedicaria ao momento atual do morro, Sargento canta Agoniza Mas Não Morre, composição sua que foi interpretada por Beth Carvalho.

Ele próprio entoa os versos: Samba/ agoniza mas não morre, alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro. Sargento diz que a Mangueira tem uma cultura musical e de ritmo “espetacular”, que não esmaeceu com o tempo. Segundo o sambista, a força cultural da comunidade não diminuiu “porque as pessoas têm fibra”.

– As pessoas amam o local. Tudo que acontece que seja útil para a comunidade elas abraçam com amor e coragem –, diz.

E cita a letra de mais um samba, composta por Ataliba na década de 1930: A Mangueira é muito grande/ dá galhos para todo lado/ e os frutos que ela dá, todos são aproveitados.

Nascido no Centro do Rio em 1924, Sargento chegou à Mangueira aos 13 anos. Logo cedo já começou a conviver com sambistas como Cartola, Carlos Cachaça, Geraldo Pereira, na casa do pai adotivo, que era compositor. Lá ficou até meados dos anos 1970, quando se mudou para Copacabana.

No bairro da Zona Sul, ele fala que gosta de caminhar pela praia e ver as ressacas do mar. Mas diz também que a alma permanece “verde e rosa”, as cores da escola de samba que, ao lado dos sambistas ilustres de sua história, responde pela fama do local.

Fonte: Correio do Brasil

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