Manifestantes promovem ‘Ocupa Café’ na Padaria Ipanema

Ato pacífico reuniu cerca de 15 pessoas que levaram flores e cartões para a caixa presa após discussão com cliente

Por:Adalberto Neto

RIO – Um grupo de aproximandamente 15 pessoas foi à Padaria Ipanema, na manhã deste domingo, prestar solidariedade à caixa do estabelecimento Ivonete Cândida de Paula, que saiu do local algemada por um policial, na última segunda-feira, após discussão com uma cliente. O caso foi publicado pela coluna “Gente Boa”, do GLOBO. A ação, batizada de “Ocupa Café”, não foi vista pela funcionária, que estava de folga.

— Viemos tomar um café e deixar flores e cartões para ela, com o dono da padaria. O fato mexeu com todo mundo. Esse foi mais um acontecimento que fere a cidadania. Estamos passando por um momento em que as pessoas não estão se respeitando — comentou a designer Maria Júlia Ferreira, organizadora do movimento.

A designer ainda criticou a falta de posicionamento da gerência do estabelecimento no momento em que Ivonete foi levada para a 14ª DP algemada:

— A empresa não interfiriu, não questionou o que estava acontecendo, e a funcionária foi levada sem ser ouvida.

O professor de direitos humanos Rodrigo França, que também participou do café da manhã solidário, diz que houve erro de conduta do policial:

— A função dele é mediar conflitos. E não foi isso o que aconteceu. Ele criminalizou uma coisa que não é crime.

De acordo com Abel Alves, que é dono da Padaria Ipanema há 50 anos, o caso tomou uma dimensão maior do que merecia.

— Estão fazendo tempestade num copo d’água. A coisa não precisava chegar a esse ponto. Eu dei todo apoio à funcionária, a acompanhei até a delegacia com outra freguesa quando ela foi levada algemada pelo policial. Eu só não podia impedir a ação dele, que é uma autoridade. Porque, aí sim, seria um desrespeito — explicou.

Ivonete Cândida de Paula foi detida após uma discussão com a cliente Rita de Cássia dos Santos, que reclamou sobre o preço do cafezinho e chamou a polícia, alegando se sentir ameaçada. Funcionária da casa há 26 anos, a caixa foi retirada do local de trabalho pelo sargento José Nascimento de Oliveira e levada, ainda uniformizada, para a 14ª DP, sob protesto dos clientes.

Fonte: O Globo

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