A maravilhosa resposta de uma menina de 11 anos às críticas por ter sido adotada por um casal homoafetivo

Quando Rob Scheer tinha 10 anos, perdeu seus pais e acabou indo parar em um orfanato. Foi lá que viveu sua infância, junto a dezenas de outras crianças, até completar 17 anos. Sem ter onde ir ou o que fazer, morou nas ruas e viveu de bicos até conseguir ser chamado no exército, onde conseguiu uma vida e uma carreira. Anos depois, ele acabou deixando o serviço militar e se apaixonou por Reece, que viria a ser seu parceiro e pai de seus filhos. O casal adotou quatro crianças órfãs: Amaya, Makai, Greyson e Tristan.

Amaya e Makai são irmãos e foram os primeiros a chegar à casa dos Scheer. Em dois sacos de lixo carregavam seus poucos pertences. Quando foi a vez de Grayson e Tristan chegarem à família, os dois garotos também trouxeram seus sacos de lixo e a cena bateu fundo no coração de Rob.

No orfanato também ele tinha seu saco de lixo, em que carregava os poucos pertences que tinha. Foi então que o ex-militar tomou uma decisão: “Eu quero ter certeza de que nenhuma criança tenha que carregar um saco de lixo“, disse ele, que fundou a Comfort Cases, uma organização não-governamental que oferece kits de cuidados às crianças que chegam aos orfanatos. Em uma mochila, os pequenos recebem itens básicos como um pijamas, um cobertor, uma escova e pasta de dentes, um bichinho de pelúcia e uma escova de cabelo.

Toda a família Scheer ajuda no projeto, que conta basicamente com voluntários. Por essas e outras a pequena Amaya, de 11 anos, foi convidada para ser capa da edição de novembro/dezembro da revista American Girl, em uma matéria intitulada “Forever Family”(“Para Sempre Família”, em tradução livre). Na reportagem, a revista conta a história da família da menina e fala sobre o projeto, em que já ajudaram mais de 10 mil crianças órfãs.

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Mas apesar da história incrível de Amaya e sua família e da iniciativa da Comfort Cases, a família precisou aguentar um movimento de retaliação liderado pelo grupo One Million Moms, organização afiliada à Associação Norte-Americana de Famílias. “1MM acredita na adoção e no cuidado de órfãos, como somos instruídas biblicamente a fazer no salmo 83:3, mas a American Girl poderia ter focado o artigo na criança  e não nos pais, já que se trata de uma revista para crianças. A revista também poderia ter escolhido outra criança para escrever e permanecer neutra na guerra de culturas“, escreveu o grupo, que com bases religiosas, desaprova a união homossexual de Rob e Reece.

A polêmica foi grande e a família Scheer foi convidada para comentá-la em um programa de televisão. Mais uma vez Amaya mandou bem: “eu diria ‘isso não te interessa’“, reportou oHuffington Post. Objetiva e simples, a menina afirmou que a orientação sexual de seus pais é uma questão pertinente à família dela e a ninguém mais. Já Rob questionou o fato de uma organização formada por mães ser capaz de espalhar tanto ódio por aí. “Eu não vivo em uma bolha de plástico. Eu sou um homem gay e eu tenho quatro filhos negros. Eu sei que as pessoas por aí são malvadas. Mas eu não esperava que um grupo de mães dissessem que somos pecadores“, desabafou.

Até quando a religião será motivo para ações e palavras de ódio?

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