Marcha das Vadias, em SP, destaca que sexo sem consentimento é estupro

Organizadoras pedem educação dos homens para evitar abusos e posicionamento firme das mulheres. 64% das ocorrências ocorrem na casa das vítimas, segundo levantamento de entidades

por Bruno Bocchini

São Paulo – Em sua quarta edição, a Marcha das Vadias, em São Paulo, teve como tema “Sexo sem consentimento é estupro”. A manifestação ocorreu no Vão Livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e teve como itinerário descer a Rua Augusta, no centro da capital, em passeata até a Praça Roosevelt, ao lado da Igreja da Consolação.

Na concentração, centenas de manifestantes portavam cartazes com dizeres como “Meu corpo me pertence”, “Não saí da sua costela, você que saiu do meu útero” e “Não é não”.

“Em violência sexual, quem cala não consente. O consentimento tem de ser explícito; se não existir, é estupro. Muitas vezes, as mulheres se calam por medo, ela está atemorizada, teme que aconteça uma violência ainda maior. Ou porque aquilo está sendo cometido por uma pessoa que ela confia muito, que é da família dela, que às vezes é o marido dela, é o namorado”, disse Patrícia Diniz, uma das organizadoras do ato.

Segundo dados divulgados pelas organizadoras da marcha, 64% dos estupros ocorrem na casa da vítima e apenas 18% em vias públicas. E apenas 30% dos crimes são praticados por desconhecidos.

“Ela não quer fazer sexo, ela não quer fazer determinada prática sexual, mas acontece aquilo porque ela não disse não claramente. A gente quer também que os homens se eduquem e percebam quando eles podem agir”, disse Patrícia Diniz.

Algumas manifestantes usavam uniformes de jogadores de futebol, e questionavam os gastos para a realização da Copa do Mundo no Brasil. “Para a Copa são destinados milhões. Mas para o combate à violência contra a mulher não há recursos”, observou a ativista Lícia Ferreira.

Em São Paulo, o Hospital Pérola Byington é referência para o atendimento a vítimas de violência sexual. No local, é possível fazer exame de corpo de delito e receber cuidados médicos e assistência jurídica. É possível também buscar orientação pelo Disque Mulher 180, do governo federal, além da Delegacia de Defesa da Mulher.

A marcha teve início em 2011, no Canadá, quando um policial disse às estudantes da Universidade de Toronto que para se proteger de uma onda de violência sexual, as mulheres deveriam não se vestir como vadias. Três mil pessoas tomaram as ruas da cidade em um manifesto denominado SlutWalk, no Brasil conhecido como Marcha das Vadias.

 

 

 

Fonte: Rede Brasil Atual

+ sobre o tema

Elisa Lucinda: “Equívocos de uma exclusão” ou “Os componentes da guerra”

Estou ensaiando em Brasília L, o musical, uma peça...

Documentário sobre Ruth de Souza reverencia todas as mulheres pretas

Num dia 8 feito hoje, Ruth de Souza estreava...

para lembrar

A Invenção de Zumbi – por Sueli Carneiro

Bendito vidro moído nos bofes do Senhor bendita a...

Em seis meses, Ana Fontes ensinou 10 mil mulheres a empreender, negociar e ser feliz

A empresária, finalista na categoria Autonomia Econômica, firmou parceria...

Documentário sobre Ruth de Souza reverencia todas as mulheres pretas

Num dia 8 feito hoje, Ruth de Souza estreava...
spot_imgspot_img

Mulheres continuarão vivendo mais que os homens até 2070, diz IBGE

A diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres no Brasil deve cair para 4,4 anos até 2070, informa o G1. Essa ‘vantagem’ chegou...

Lula sanciona lei que aumenta pena para feminicídio

O presidente Lula (PT) sancionou, nesta quarta-feira (9), a lei que aumenta do feminicídio para até 40 anos. O texto também veta autores de crimes contra mulheres de...

Nota Pública ao PL 4266/2023: Consórcio Lei Maria da Penha – 2024

O Consórcio Lei Maria da Penha pelo Enfrentamento a Todas as Formas de Violência de Gênero contra as Mulheres (Consórcio Lei Maria da Penha),...
-+=