Me convença

Por Fernanda Pompeu

 

Por que devo comprar a sua marca de smartphone e não outra? Por que vou contratar o seu serviço e não o do seu concorrente? Posso acreditar no que você diz? Você entrega o que promete?

A vida já foi mais fácil para o pessoal da propaganda e do marketing. Sem menosprezar o trabalho duro e a criatividade deles, perderam efeito chavões e slogans que poluíram nossa imaginação por décadas.

Vamos a alguns clichês: mulheres bonitas e pouco vestidas, homens bonitos e bem vestidos, vovós e vovôs alegres e sadios, famílias inteiras impecavelmente felizes. E os campeões da exibição: gente jovem, gente jovem.

Mas será que esses perfumes de sedução seguem funcionando? Alguém ainda acredita que conquistará a mulher desejada com um sedan? Crê que se transformará no designer premiado, ou na escritora best seller, ao comprar um computador da hora?

Algum prestador de serviço acredita que basta dizer que é bom? Uma grife internacional pode ignorar uma denúncia de envolvimento com trabalho escravo? Num mundo inundado de informações, será possível vender gato por lebre?

Sinceramente acho que não. Algo está mudando de forma profunda nas relações de mercado e comunicação. Esse algo é o consumidor. Ele tem o poder de acessar informações de qualquer lugar. Esteja em Arapiraca ou Tóquio.

O consumidor, ou cliente, do século XXI tem ferramentas para comparar serviços, calcular custo-benefício, acompanhar a imagem social das marcas, testar a qualidade dos produtos.

Tem também um arma letal contra embromadores: difundir sua avaliação por meio das redes sociais. Hoje está na cara o que sempre foi verdade: amigos influenciam muito mais do que pregações publicitárias.

Final de jogo para profissionais da propaganda e do marketing? Não. O mercado e a arte da sedução ainda seguirão vivos por longos tempos. Só que agora precisam ser redimensionados, redesenhados, reescritos.

Será preciso pôr mais inteligência e transparência nas mensagens. Encarar o público como parceiro. Compreender finalmente que antes de serem consumidores, a Maria e o Zé são cidadãos conectados.

 

 

Fonte: Yahoo

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