Mesa de abertura: Racismo e sexismo na mídia: uma questão ainda em pauta

Emoção no primeiro dia da 8ª edição do Seminário. Painéis repletos de textos e fotos que contam a trajetória da jornalista e historiadora Lena Frias foram afixados na antessala do auditório do BNDES, no Rio de Janeiro, onde aconteceu o encontro. Além da exibição de um vídeo produzido por Guilherme Sarmento e Schuma Schumaher, a rapper Refém leu com muita força e emoção um texto escrito especialmente para a homenagem.

Abrindo o Seminário A Mulher e a Mídia, a diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Vieira de Melo, falou com emoção sobre a trajetória de oito anos desse evento, que se tornou uma referência quando se trata do debate sobre a mídia brasileira e os direitos das mulheres. Em sua fala, Jacira reafirmou o compromisso do Instituto com o combate ao racismo e ao sexismo e disse que “no Ano Internacional dos Afrodescendentes, discutir racismo e sexismo é um desafio ainda maior que decidimos enfrentar”.

Jacira Melo destacou que estes temas sempre compuseram a pauta do Seminário, em sua inter-relação com a mídia e os direito das mulheres, mas”o diferencial é que este ano estes assuntos são o cerne do debate”. Além disso, a diretora do Instituto Patrícia Galvão admitiu em sua fala não ser nada fácil dar continuidade a um evento que propõe mudanças de pensamento e comportamento da sociedade, do governo e da mídia.

Para Tatau Godinho, subsecretária de Planejamento e Gestão da Secretaria de Políticas para as Mulheres, “o racismo e sexismo não estão fora de moda, eles se manifestam todos os dias”. Ns avaliação de Tatau, “esta discussão é um desafio muito difícil também para quem está no governo, por dois motivos: pela herança histórica excludente e pela dificuldade de as pessoas envolvidas perceberem que é preciso debater com a sociedade os conteúdos da mídia e ampliar o grau de democracia”.

E a subsecretária faz uma ressalva sobre o que alguns consideram democracia: “quando se trata de televisão, dizem que você tem o direito de desligar ou mudar de canal. Iisso não é direito, é ausência de direitos”. E explica “quando você desliga a TV, você nega o acesso à informação, mas não impede a difusão de conceitos que apenas reforçam estereótipos”.

Logo em seguida, Alexandre Themé, representante do BNDES, afirmou que a sensibilização para as questões de gênero e raça exige um esforço ainda maior no campo do trabalho, pois “significa uma mudança de valores hierarquizados e consolidados”. Alexandre revelou que, de posse de novas referências, o Grupo de Gênero e Valores do BNDES pode ajudar o Banco a perceber algumas inequidades. Um exemplo é o cadastro de raça, cor e gênero, que possibilitou um mapeamento mais preciso do perfil dos trabalhadores da empresa. “Esta ação trouxe à tona uma realidade que estava camuflada na empresa; isto proporciona o desenvolvimento de estratégias para contemplar todos os segmentos da sociedade”, pontua Alexandre. Na sequência Nilcéa Freire, representante da Fundação Ford, fez um breve passeio por sua memória e recuperou a história do seminário, e destacou duas qualidades: continuidade e persistência. “O Brasil não tinha uma história de continuidade, cada governo que chegava desfazia as coisas”, comparou. “Estamos juntas persistindo que o nosso país só será democrático se mulheres, homens, negros e homossexuais estiverem efetivamente representados em todas as esferas de poder do país”, Nilcéa finalizou.

Já Maya Harris, vice-presidente da Fundação Ford para o Programa de Democracia, Direitos e Justiça, ressaltou a importância de uma mídia diversificada e inclusiva, valores centrais na Fundação Ford. Ao concluir revelou grandes expectativas sobre as consequências positivas que estes debates vão desenhar no futuro.

E para finalizar a primeira mesa do Seminário, a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, salientou que “existe diferença entre promover igualdade racial e combater o racismo, assim como existe diferença entre políticas públicas para as mulheres e combate ao sexismo”.

Na avaliação da ministra Luiza Bairros, a discussão do papel da mídia aparece muito naturalmente neste debate. “Esta questão é vigente e entre os objetivos é fundamental rever o conceito de imagem que sustenta o extermínio físico e cultural da população negra”, enfatizou. E, citando um anúncio que vinculou a mulher a uma mercadoria, afirmou: “aquela imagem maculava a essência de todas nós mulheres, mulheres brancas e negras; situações como estas servem para enriquecer o debate e provam que ainda temos muitos que caminhar”.

Lena Frias: homenagem a uma grande jornalista negra

Emoção no primeiro dia da 8ª edição do Seminário. Painéis repletos de textos e fotos que contam a trajetória da jornalista e historiadora Lena Frias foram afixados na antessala do auditório do BNDES, no Rio de Janeiro, onde aconteceu o encontro. Além da exibição de um vídeo produzido por Guilherme Sarmento e Schuma Schumaher, a rapper Refém leu com muita força e emoção um texto escrito especialmente para a homenagem.

A 8ª edição do Seminário Nacional A Mulher e a Mídia é uma realização do Instituto Patrícia Galvão, das secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM) e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da Fundação Ford e ONU Mulheres, e conta com o apoio do BNDES.

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