Mil dias sem Marielle: família pensa em legado e quer criar escola destinada a jovens negras de favelas em 2021

Enviado por / FontePor Vera Araújo, do Extra

No dia em que as mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes completam mil dias, a irmã da vítima, Anielle Franco, anuncia um novo projeto para manter vivas a memória e a luta da parlamentar. No ano que vem, ela pretende criar a Escola Marielle, destinada a jovens pretas, moradoras de favelas. A ideia é apresentar a elas o trabalho de intelectuais e ativistas negras, como Angela Davis e Sueli Carneiro, a escritora Conceição Evaristo, a antropóloga Lélia Gonzalez, entre outras. Todas, diz Anielle, referências na luta feminista e antirracista.

— As mulheres pretas de favela têm que entender sua história. Isso ajuda a moldar sonhos, além de incentivá-las a estudar. Esse é o legado da minha irmã. São sementes que serão plantadas, valorizando a cultura de seus ancestrais —explica Anielle, diretora do Instituto Marielle Franco.

Segundo Anielle, até o fim deste ano será definido o número de alunas da Escola Marielle. Por causa da pandemia do coronavírus, é possível que os trabalhos comecem com aulas on-line.

Enquanto Anielle foca no legado de Marielle, Agatha Arnaus Reis, viúva de Anderson Gomes, aplica sua energia no bem-estar do filho Arthur, de 4 anos e sete meses. O pequeno, que nasceu com má-formação e depende de cuidados especiais, está aprendendo a andar. O menino tinha um ano e dez meses quando perdeu o pai, em 14 de março de 2018.

— Arthur é idêntico ao pai (Anderson). Esses dias, ele fez um som, como se limpasse a garganta, que o Anderson fazia. Ele me deixou impressionada, pois não foi algo ensinado — diz Agatha, que não esconde como tem sido difícil viver sem o marido. —Nós tivemos que reaprender a viver. Tudo o que fizemos, fizemos pela primeira vez sem ele e, a cada primeira vez, doeu muito. Sempre me vem ainda em pensamento: “Anderson adoraria isso, estaria rindo disso, falando tal coisa” — diz.

Para Mônica Benício, viúva de Marielle que foi eleita vereadora, os mil dias também são uma data difícil. Nos últimos dias, ela voltou para o divã.

— Essas datas mexem comigo. Todo dia 14, um mês, um ano, mil dias. Tinha largado a terapeuta que tratava de mim na época da morte de Marielle, mas voltei hoje. Eu já não sei o que dói mais: se é viver sem ela ou ficar sem respostas, sem a justiça.

Por Vera Araújo, do Extra

+ sobre o tema

Marcha das Mulheres Negras reúne milhares de pessoas no Rio

A marcha de domingo teve como principal homenageada a...

Quem foi Mama Cax? Conheça a homenageada do Google que foi símbolo de representatividade na Moda

Celebrando o Mês da História Negra nos Estados Unidos, o Google homenageia...

Telma Tvon trouxe a voz da juventude negra portuguesa para o romance

Amante de literatura, não encontrava obra que reflectisse a...

para lembrar

Taís Araújo irá integrar Saia Justa

O programa Saia Justa, do canal a cabo GNT,...

Torcida do corinthiana é multada por homofobia contra Emerson Sheik

Naquela ocasião, os torcedores apareceram no local portando faixas...

Capital, desigualdades e branquidade: Um alfabetário heterodoxo

É quase certo que conceituar fragmentariamente o capital só...
spot_imgspot_img

Lula sanciona lei que aumenta pena para feminicídio

O presidente Lula (PT) sancionou, nesta quarta-feira (9), a lei que aumenta do feminicídio para até 40 anos. O texto também veta autores de crimes contra mulheres de...

Nota Pública ao PL 4266/2023: Consórcio Lei Maria da Penha – 2024

O Consórcio Lei Maria da Penha pelo Enfrentamento a Todas as Formas de Violência de Gênero contra as Mulheres (Consórcio Lei Maria da Penha),...

Só sete estados têm leis específicas de proteção contra assédio sexual a servidores

Apenas sete estados contam com leis que visam ampliar a proteção contra assédio sexual de servidores. Nesses locais, os estatutos de profissionais públicos vão além do...
-+=