Carlos Roberto encontrou livros no lixo e se motivou a fazer cursos.
Ele recebe dinheiro do governo por causa de doença.
Carlos Roberto, filho único e que um dia já morou em um lar, deixou de ter endereço fixo há 10 anos. A morte dos pais e a descoberta de que a casa em que morava não pertencia à família, somadas às dificuldades de se fixar em um emprego como eletricista, função que se especializou através de um curso técnico, o levaram para as ruas.
No entanto, há um ano, o gosto pelos livros que encontrava no lixo o motivou a dar início a uma nova etapa: com o dinheiro de uma pensão que recebe do governo em função de uma doença, ele decidiu fazer cursos de preparação profissional em uma instituição privada. Ao todo, são quatro formações: liderança, inglês, manutenção de computadores e digitação.
Determinação
Atualmente, é sob a marquise do Fórum da Prainha de Vila Velha, no Espírito Santo, e pelas praças do bairro que Carlos Roberto vive com seus poucos pertences, junto à outros moradores de rua. Mas nem por isso ele deixa de sonhar com a possibilidade de um dia ter uma casa para chamar de sua. Por isso mesmo, os cursos que frequenta cinco vezes por semana, se tornam mais uma fonte de esperança.
Mas não é só trabalho o que Carlos Roberto deseja ao voltar para a escola. “Eu quero conquistar o respeito das pessoas não só para mim, mas também para meus amigos que estão nas ruas”, ressalta.
Conviver com o preconceito da sociedade diante dos moradores de rua, além das agressões físicas e verbais e do medo cotidiano, o fez pensar além. “Acho que em quatro ou cinco anos estarei formado em todos os cursos. Penso em fazer uma faculdade, talvez na área social, mas não quero ficar atrás de uma mesa, quero ajudar outros moradores de rua, pois essas pessoas têm uma identidade”, pontua Carlos Alberto, que ainda conclui: “as pessoas gostam de ouvir histórias, mas elas têm que participar da história e fazer alguma coisa para mudar”.
* Com colaboração de Maíra Mendonça, do Jornal A Gazeta
Foto: Guilherme Ferrari/ A Gazeta