Moradores flagram PMs forjando auto de resistência na Providência

Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, foi, segundo testemunhas, executado quando já estava rendido por PMs da UPP do Morro da Providência, na Zona Portuária do Rio. Moradores registraram em vídeo o momento em que os policiais forjam um tiroteio, para mascarar a execução como auto de resistência, ou morte em decorrência de confronto com a polícia.

Do Brasil247

 

Dados do ISP) mostram que desde o início do ano, na cidade do Rio de Janeiro, 227 homicídios foram registrados como autos de resistência. Já o relatório “Você matou meu filho”, da Anistia Internacional, dos 1.275 autos de resistência ocorridos no município entre 2010 e 2013, 80% das vítimas eram negras, e 75% delas eram jovens

Moradores do morro da providência flagraram ontem (29), em vídeo, Policiais Militares forjando forjando um auto de resistência (morte em decorrência de confronto com a polícia). No vídeos é possível ver um policial colocando uma arma na mão do corpo de Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, e dando dois tiros. Testemunhas dizem que ele se rendeu antes de ser executado pela polícia, com tiros à queima roupa.

Em entrevista o RJTV uma testemunha confirmou a execução de Eduardo, e confirmou seu envolvimento com o tráfico de drogas: “Eu estava dormindo. Acordei assustada com os tiros. Muito tiro. Fui, olhei da janela. De repente eu deparei com o menino. Ele estava armado, mas ele se rendeu. Podia levar preso. Eles podiam levar presos sim. Era dever deles levar preso, não matar”.

Outra testemunha contou ao RJTV que, após a morte, os PMs ainda insultaram moradores que se aproximaram. “Chamou o morador de lixo. Quem mora no morro é lixo. Então, isso está errado”, disse.

Todos os cinco PMs mostrados na filmagem foram presos administrativamente, por pelo menos 72 horas. Os policiais foram, inicialmente, autuados por fraude processual e homicídio. De acordo com o coordenador de Comunicação Social das Unidades de Polícia Pacificadora, major Ivan Blaz, já foi aberto um processo administrativo disciplinar para apurar se os PMs continuarão na corporação: “As imagens são de um flagrante chocante. O objetivo da Polícia Militar é restabelecer o processo de pacificação e credibilidade das UPPs junto às comunidades.

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro até agosto deste ano, só na cidade do Rio de Janeiro, 227 homicídios foram registrados como morte em decorrência de confronto com a polícia, uma média de 28 vítimas por mês. E de acordo com o relatório “Você matou meu filho”, divulgado em agosto deste ano pela Anistia Internacional, dos 1.275 autos de resistência ocorridos no município entre 2010 e 2013, 80% das vítimas eram negras, e 75% eram jovens.

Segundo reportagem do jornal Extra, os casos de autos de resistência no Rio subiram 21% no primeiro semestre deste ano, em relação com o mesmo período do ano passado. Numa comparação com mortes provocadas por policiais dos Estados Unidos, PMs da área do 41º BPM, onde moram 538 mil pessoas, mataram mais suspeitos do que os policiais da Flórida, estado com 20 milhões de habitantes.

 

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