MPB: “Coincidentemente muitas cantoras são lésbicas” diz Marina Lima, que não crê em coincidências

Em entrevista exclusiva ao LADO BI, a cantora fala de seu novo disco, “No Osso”, explica por que gays e lésbicas têm preconceito contra bissexuais e que posou nua por recomendação médica.

por James Cimino no Lado Bi

A MPB (Música Popular Brasileira) é pródiga em grandes cantoras. Coincidentemente, muitas delas são lésbicas, algumas assumidas, algumas enrustidas. Para Marina Lima, que sempre carregou a fama, isso não é coincidência. “Não acredito em coincidências”, disse a cantora, que veio lançar seu novo disco, “No Osso”, no Lado Bi desta quinta-feira (21).

E sobre os infinitos boatos sobre a homossexualidade das divas da música brasileira, que circulavam muito veladamente nos anos 1980, Marina conta que, entre elas, isso nem era assunto.

“Esse era um assunto que a gente não falava muito entre a gente, mas era um assunto de que as pessoas falavam muito. Porque, coincidentemente ou não — eu não acredito em coincidência —, muitas mulheres cantoras eram gays ou eram bi ou eram o que quer que fosse que elas queriam ser chamadas…”

E meu analista disse: “Posa! Diz que é prescrição médica. Aí posei, ganhei uma grana e passei a ser paquerada pelo executivo do aeroporto de Curitiba! Elevou muito minha auto-estima.”

Mesmo assim, a cantora de sucessos como “À Francesa”, “Fullgas” e “Acontecimentos” faz questão de dizer que as coisas para os LGBT são melhores hoje.

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“A diferença é que antigamente ninguém podia casar, ninguém podia se assumir. Hoje em dia, com os direitos já adquiridos, você pode adotar uma postura mais cidadã. Se casar com a fulana… As coisas são mais assumidas. Antigamente ninguém deixava de fazer as coisas e de se divertir, mas não quero que pareça que era melhor antes. Porque as coisas hoje em dia são mais claras e direitos foram conquistados.”

Durante o programa, cuja íntegra você assiste abaixo, Marina falou do preconceito que gays e lésbicas têm com bissexuais. “A mulherada tem esse grilo com bissexual porque tem medo de pau. Então ela acha uó pensar que aquela mulher que transa com mulher também goste de transar com homem. Tem um tipo de mulher gay que tem pavor disso.”

Também contou que “posou [para a Playboy] por prescrição médica”. “Eu queria me desencanar. Eu estava muito pra dentro. Numa fase grilada. Muito insegura. E meu analista disse: “Posa! Diz que é prescrição médica. Aí posei, ganhei uma grana e passei a ser paquerada pelo executivo do aeroporto de Curitiba! Elevou muito minha auto-estima.”

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