Dois meses atrás, uma idosa que trabalhava há 27 anos sem remuneração para uma família em Ribeirão Preto (SP) foi resgatada do trabalho análogo à escravidão. Trabalhando como empregada doméstica, a vítima não tinha salário, controle de ponto e nem folgas.
A mulher de 82 anos acreditava que havia sido enganada pelo casal – uma médica e um empresário –, que alegava guardar o dinheiro para realizar seu sonho da casa própria. Por isso, manteve-se por quase três décadas se ocupando nas atividades para a família.
Após o resgate, a Justiça bloqueou R$ 815 mil dos empregadores e transferiu o valor à empregada doméstica, a quem foram oferecidas verbas rescisórias e o seguro-desemprego.
O caso da trabalhadora vítima da escravidão contemporânea é um entre as 157 denúncias do tipo recebidas pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) da 15ª Região, que abrange 599 municípios paulistas, no ano passado.
O número representa um aumento de 48% em relação a 2021, quando houve 106 denúncias de trabalho análogo ao de escravo para o órgão, cuja abrangência se estende ao interior paulista e ao litoral norte.