“Negro, comunista, antifa e macumbeiro, estamos de olho em você”, diz um cartaz colado em um poste na frente da casa do advogado Marco Antônio André, que faz parte da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil, da OAB
O levante nazi-fascista visto nos Estados Unidos recentemente não está muito longe do Brasil. Na semana passada, pichações com suásticas e mensagens racistas foram encontradas no banheiro de uma faculdade em Santa Maria (RS). Neste segunda-feira (25), um advogado negro de Blumenau (SC) se deparou com uma ameaça de fascistas em um cartaz colado em um poste em frente sua residência.
“Negro, comunista, antifa e macumbeiro, estamos de olho em você”, diz o cartaz, que tem ainda uma imagem representativa do movimento racista KKK (Ku Klux Klan), dos Estados Unidos.
Marco Antônio André, que é praticante do Candomblé, revelou a ameaça em uma postagem no seu perfil do Facebook. Membro atuante do NEAB (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros) da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), o advogado não se intimidou e afirmou que continuará lutando “por uma sociedade mais justa e igualitária”.
Ele recebeu inúmeras mensagens de apoio e colegas informaram que denunciaram o caso ao Ministério Público Estadual, que ainda não se pronunciou.
Confira, abaixo, o relato do advogado.
Hoje pela manhã os postes da minha rua e a porta da minha casa amanheceram com este aviso.
Todos que me conhecem, sabem o quanto luto para que diferenças sejam respeitadas. Ser do Candomblé, além de ser um ato de fé, é cultuar meus ancestrais Africanos. Quando me coloco a favor dos menos favorecidos e luto pelos direitos e igualdade de TODOS, não quero excluir, quero agregar. Se minha luta contra o fascismo é incômoda para alguns, o problema não está em mim.
Continuarei na minha luta, por uma sociedade justa e igualitária. Continuarei firme na batalha junto ao NEAB, pois é através da EDUCAÇÃO que mudaremos muita coisa. Farei, agora mais do que nunca, parte da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil da OAB, pois inclusive em Blumenau, há muitas histórias que não foram contadas.
Obrigado a todos pelas mensagens de apoio, isso só mostra que o autor da faceta é minoria.