Negros são coadjuvantes em sua própria história na TV

Folhetins que retratam a escravidão ainda contam os fatos a partir do olhar dos branco

Nas histórias que a TV brasileira conta sobre a escravidão no Brasil é comum ver atores negros ocuparem papéis coadjuvantes e atores brancos serem os protagonistas. Neste 13 de Maio, data em que é celebrada a abolição da escravatura no Brasil, a reportagem do R7 foi atrás de descobrir o por quê desse tipo de representação.

 

Veja escravos nas tramas Igual aos brancos: a ex-escrava Xica (Taís Araújo) até usava pó de arroz para clarear o rosto

 

Para Daniel Martins, mestre em sociologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a representação dos escravos nas novelas e minisséries repete a história que os brasileiros aprendem na escola.

 

A novela é apenas mais um espaço no qual é reproduzido o discurso que aprendemos nos livros de história, no qual o negro ainda é apenas o escravo que foi liberto por bondade da princesa Isabel [que assinou a libertação dos escravos em 1888].

 

O sociólogo faz questão de lembrar a primeira novela brasileira protagonizada por uma atriz negra: Xica da Silva, protagonizada por Taís Araújo na extinta Manchete entre 1996 e 1997.

 

– Ela era protagonista, sim. Mas conseguiu se tornar mulher do contratador de diamantes, teve escravos e assumiu a identidade branca. Ela até passava pó de arroz no rosto, para ficar com a pele clara.

 

Martins afirma que ainda falta na TV uma produção que retrate o cotidiano do Brasil escravocrata a partir do olhar dos habitantes da senzala, mas se mostra descrente em relação à receptividade do telespectador.

 

– Acho que o brasileiro ainda é preconceituoso e não sei se uma novela assim teria bons índices de audiência. Por isso, acho difícil essa revolução acontecer. Na TV, como em Sinhá Moça, os negros ainda precisam ser salvos pelos brancos. A novela ainda não conseguiu sair da casa grande e ir de fato para a senzala.

 

Olhar do negro seria interessantíssimo, diz Maria Ceiça

Atriz da Record, Maria Ceiça afirma que não acredita que o público tenha preconceito, mas, sim, esteja desacostumado em ver o olhar do negro em primeiro plano.

 

– As novelas ainda contam a história a partir do olhar do dominador. O telespectador sempre trata com carinho os personagens negros. Mudar o olhar da história seria interessantíssimo e creio que teria boa recepção por parte do público.

 

A atriz, que recentemente viveu a serva Quinlá na minissérie A História de Ester, torce para que a Record continue investindo na produção de épicos e até sugere uma história bíblica em que o negro tivesse destaque.

 

– A rainha de Sabá era negra e teve muito destaque… Quem sabe não vem por aí a história do rei Salomão?

Fonte: R7

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