Negros do Sul será tema de carnaval na Bahia

 

 

A fim de conhecer as raízes africanas do Rio Grande, a professora da Universidade Federal da Bahia, Maria de Lourdes Siqueira, entre outros representantes do bloco Ilê Ayiê da Bahia, participaram de um encontro com lideranças da cultura negra do Rio Grande no CCMar, no último sábado. Entre os rio-grandinos, estavam o presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Social e Cultural da Comunidade Negra, Jorge Ferreira, o presidente do Clube Cultural Recreativo Braço e Abraço, André Brisolara, e o presidente do Clube Cultural Estrela do Oriente, Pedro Amaral.

Com o tema “Negros do Sul – Lá Também Tem” o bloco carnavalesco Ilê Ayiê pretende levar às ruas de Salvador, no carnaval de 2012, um pouco da história dos negros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Com este intuito, os baianos estão percorrendo diversas cidades do sul do Brasil, promovendo um intercâmbio de culturas.

Em Rio Grande, a professora Maria de Lourdes palestrou sobre “O papel dos movimentos sociais na luta contra a discriminação racial”, abordando a história dos movimentos de resistência negra, desde o Egito na África, passando pelo Caribe e Estados Unidos, até chegar ao Brasil. Posteriormente foi formada uma roda de conversas onde os representantes da cultura local mostraram um pouco das suas raízes. André apresentou aos baianos o sopapo, um instrumento originário da África, que foi reformulado pelos negros que chegaram em Rio Grande, feito com troncos de árvores nativas e couro de cavalo. De acordo com Jorge, os negros recém chegados na cidade utilizavam o instrumento para se comunicar com os negros da Ilha dos Marinheiros. Os rio-grandinos também contaram a história dos bonecos confeccionados para o carnaval da cidade, os já conhecidos Gorila do Quebra Osso, a Nega Tereza, entre outros.

Outro fato importante da cultura negra no Rio Grande destacado foi a fundação da Escola de Samba General Vitorino, a primeira escola de samba do Estado, fundade em 1945. Na oportunidade também foram relembrados os bons tempos dos clubes Braço e Braço e Estrela do Oriente que reuniam a comunidade negra em grandes bailes, orquestras, escolha da miss Mulata, comemorações e festas de 15 anos, nos anos compreendidos entre as decadas de 1930 e 1980. De acordo com Amaral, a comunidade negra foi perdendo a identidade a medida que foi ocorrendo um empobrecimento dos brancos e também com a constituição de 1988 que decretou o fim do racismo, contribuindo para que os negros frequentassem cada vez mais clubes como Águia Branca e Ferroviários, na época. Em 2003, com o intuito de resgatar a consciência negra, foi criado o Conselho Municipal.

Os pesquisadores deixaram a cidade satisfeitos com as descobertas e seguiram para Bagé, onde participariam de um café da manhã com lideranças daquela cidade no domingo. Também são objetos da pesquisa no Estado as cidades de Porto Alegre, Pelotas, Jaguarão, Santana do Livramento, Santa Maria e Caxias do Sul.

 

 

Fonte: Jornal Agora 

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