“Nós não queremos ser iguais aos homens. Nós queremos os mesmos direitos”, diz deputada

Parlamentares falam de dificuldade de levantar pautas para promover igualdade entre os sexos

por Giorgia Cavicchioli  No agencia Patricia Galvao

Colocar os direitos das mulheres em pauta dentro da Câmara é um grande desafio para parlamentares que têm como um dos objetivos no cargo a busca por uma sociedade mais igualitária entre os sexos. No Dia Internacional da Mulher, o R7 conversou com deputadas federais reconhecidas por sua atuação na luta pela igualdade entre os gêneros.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) diz que “a sociedade ajuda a perenizar a desigualdade de direitos” e que, hoje em dia, as mulheres ocupam espaços públicos, mas que o espaço doméstico ainda não é compartilhado de maneira igual entre o homem e a mulher. Segundo ela, isso faz com que as mulheres tenham uma dupla jornada, o que faz com que elas tenham dificuldades até na atuação política.

— Nós não queremos ser iguais aos homens. Nós queremos os mesmos direitos. Nós queremos a equidade de gêneros para que não haja dor em ser mulher.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) parte do mesmo princípio e diz que mesmo com grandes conquistas já estruturadas pelas mulheres ao longo dos últimos anos, isso não assegurou a “garantia plena de direitos”. Segundo ela, um exemplo de tratamento diferente entre os sexos é o salário das mulheres ser, muitas vezes, inferior ao dos homens.

Em entrevista ao R7, a deputada citou como exemplo o discurso da atriz Patricia Arquette ao receber o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Segundo ela, a fala da vencedora funcionou como “um discurso de agradecimento pelo prêmio, mas, ao mesmo tempo, um pronunciamento destacando a importância da igualdade salarial entre homens e mulheres”.

— Eu uso esse exemplo do momento de uma atriz falando a importância da igualdade de salários para refletir sobre um projeto de lei que está tramitando há vários anos na Câmara que propõe salário igual para funções igualmente exercidas por homens ou mulheres.

Outro problema que o País ainda enfrenta, na opinião das deputadas, é a falta de mulheres dentro das instituições políticas. Erika Kokay diz que as mulheres se deparam, no cotidiano, com “uma estrutura sexista e machista, que se reproduz também no Parlamento”.

— Precisamos avançar no poder em relação à igualdade e avançar no combate a qualquer tipo de violência contra a mulher. Considerando, inclusive, que a sub-representação feminina no Parlamento é um tipo de violência.

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Maria do Rosário afirma que, com 51 mulheres eleitas deputadas federais em um universo de 513 parlamentares, as mulheres que já estão na Câmara têm a missão de fazer com que a sociedade seja mais justa para todas elas.

— A Câmara Federal, no Brasil, se chama Câmara dos Deputados. Já na nomenclatura ela nos avisa a sua identidade de gênero. A maioria da Câmara e do Senado é composta a partir desse modelo que exclui as mulheres.

Maria do Rosário, que já foi vítima de machismo dentro de seu ambiente de trabalho diversas vezes, diz que considera que as agressões que sofreu se devem ao modo como ela trabalha e pelas bandeiras que levanta.

— Sempre houve um comportamento “aceitável” de nossa parte. Isso significava não contestar. Eu procuro compreender que os ataques que me foram dirigidos têm a ver com as causas que eu assumi.

E ela diz, ainda, que procura contribuir para que as mulheres que passam pela mesma situação “também compreendam que elas não fizeram nada para provocar isso”.

— Sua própria presença [como mulher] e a sua pauta provocam isso. Mas ela tem que continuar fazendo o que faz e lutando pelo que acredita.

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no próximo dia 8, o R7 publicará uma série de reportagens dedicada a elas. Acesse o portal neste sábado (7) e descubra quem são as mulheres que, como Dilma Rousseff, governam seus países.

 

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