Número de famílias em extrema pobreza cresce 10% no 2º semestre de 2022 na cidade de SP e vai a 760 mil

São consideradas famílias em extrema pobreza aquelas com renda per capita mensal de até R$ 109. Questionada se criaria um auxílio em um momento de caixa recorde, Prefeitura disse 'que não existem garantias de que o cenário econômico positivo da cidade seguirá indefinidamente'.

FONTEG1, por Deslange Paiva e Rodrigo Rodrigues
Homem em situação de rua revira lixo na Av. Paulista, em São Paulo. — Foto: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

O número de famílias vivendo em extrema pobreza na cidade de São Paulo cresceu 10,5% entre julho e dezembro de 2022, segundo dados do Cadastro Único da Prefeitura (CadÚnico), usado para o pagamento de programas sociais na capital paulista. São consideradas famílias em extrema pobreza aquelas com renda per capita mensal de até R$ 109.

Em julho de 2022, o número de famílias nessa situação era de 690.933. Em agosto, saltou para 704.073. O ano terminou com 760.386 famílias em extrema pobreza.

Em 2023, até março, o número de famílias nesta situação ultrapassava 792 mil.

  • Janeiro 2023: 767.279 famílias
  • Fevereiro 2023: 779.750 famílias
  • Março 2023: 792.726 famílias

Ainda segundo a Prefeitura, entre as pessoas cadastradas no CadÚnico, referentes ao mês de fevereiro, 49.562 famílias têm a marcação “em situação de rua”, porém, do total, só 34.700 estão com o cadastro atualizado. Os demais podem viver em favelas, casebres, cortiços, etc.

Para que os cadastros sejam considerados atualizados, a inserção ou a última atualização no sistema tem que ter sido realizada nos últimos dois anos.

O CadÚnico é a porta de entrada para diversos programas de transferência de renda como Auxílio Brasil, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Benefício Eventual e Renda Mínima, do governo federal, ou o Bolsa do Povo e o Vale Gás, do governo de estado, por exemplo.

Em fevereiro deste ano, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) atingiu mais um recorde de caixa, com cerca de R$ 34,9 bilhões, segundo dados da Secretaria Municipal da Fazenda. O montante já é o maior registrado pela administração municipal.

g1 questionou a gestão Ricardo Nunes, se existe algum plano ou projeto de programa de transferência de renda na cidade utilizando o valor em caixa para reverter a situação de extrema pobreza, em nota a prefeitura não citou nenhum investimento direto para lidar com a situação na capital.

Informou que “a administração municipal tem realizado esforços continuados para melhorar a qualidade dos serviços públicos ofertados à população e para enfrentar os desafios, agravados pela pandemia, do atendimento à população – especialmente à parcela em situação de maior vulnerabilidade social”.

“Os recursos atuais do Tesouro Municipal refletem o bom momento da economia paulistana após a queda nos indicadores econômicos causados pela pandemia e não significam falta de empenho da gestão municipal no enfrentamento aos problemas da cidade. É preciso ressaltar ainda que não existem garantias de que o cenário econômico positivo da cidade seguirá indefinidamente sem sobressaltos, o que exige dos gestores públicos prudência para evitar ações que gerem problemas futuros nas contas da Prefeitura”. (veja nota completa no final da reportagem)

Administração municipal argumentou que mudança feita no recorte da extrema pobreza fez com que mais famílias fossem incluídas no perfil

“A SMADS reitera que, com base no CadÚnico, são consideradas famílias em extrema pobreza aquelas com renda per capita mensal de até R$ 109,00 após a mudança feita pelo Governo Federal, o que acaba aumentando a base de famílias nessa classificação. Até o mês de fevereiro deste ano, eram consideradas famílias em extrema pobreza aquelas que tinham renda per capita de até R$105,00. Em 2021, a renda per capita que estabelecia esse recorte era de até R$ 89,00”.

Aumento de famílias em extrema pobreza mês a mês

2022

Famílias em situação de miséria na cidade de SP

De julho a dezembro de 2022 o número de famílias em situação de miséria cresceu 10,5%

  • Julho: 690.933
  • Agosto: 704.073
  • Setembro:721.147
  • Outubro:741.037
  • Novembro:748.567
  • Dezembro:760.386

2023

  • Janeiro: 767.279
  • Fevereiro: 779.750
  • Março: 792.726

O que diz a Prefeitura

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Fazenda, informa que o saldo do Tesouro Municipal em 13 de abril era de R$ 34,94 bilhões. Deste total, R$ 20,8 bilhões são de recursos do Tesouro e R$ 14,07 bilhões de recursos vinculados – entre eles se encontram recursos de Operações Urbanas, Fundos Municipais destinados exclusivamente a Investimentos, Fundeb (Educação), SUS (Saúde), Convênios com União e Estado e Outros.

Cabe destacar, em comparação ao saldo indicado, que R$ 35,47 bilhões já estão comprometidos com empenhos relativos a despesas com realização prevista até 31 de dezembro de 2023 (sendo R$ 4,6 bilhões restos a pagar de exercícios anteriores). Além disso, nos primeiros meses do ano existe uma tendência a saldo mais expressivo no caixa municipal por conta do maior ingresso de recursos, com uma redução ao longo do ano devido ao pagamento de despesas sazonais tais como 13º salário dos servidores.

A administração municipal tem realizado esforços continuados para melhorar a qualidade dos serviços públicos ofertados à população e para enfrentar os desafios, agravados pela pandemia, do atendimento à população – especialmente à parcela em situação de maior vulnerabilidade social. Os recursos atuais do Tesouro Municipal refletem o bom momento da economia paulistana após a queda nos indicadores econômicos causados pela pandemia e não significam falta de empenho da gestão municipal no enfrentamento aos problemas da cidade. É preciso ressaltar ainda que não existem garantias de que o cenário econômico positivo da cidade seguirá indefinidamente sem sobressaltos, o que exige dos gestores públicos prudência para evitar ações que gerem problemas futuros nas contas da Prefeitura.

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) informa ainda que, de acordo com os dados do CadÚnico (Cadastro Único), em janeiro de 2022, 632.248 famílias estavam em situação de extrema pobreza na cidade de São Paulo. Já em fevereiro de 2022, eram 647.522 e em março 655.880 famílias.

A SMADS reitera que, com base no CadÚnico, são consideradas famílias em extrema pobreza aquelas com renda per capita mensal de até R$ 109,00 após a mudança feita pelo Governo Federal, o que acaba aumentando a base de famílias nessa classificação. Até o mês de fevereiro deste ano, eram consideradas famílias em extrema pobreza aquelas que tinham renda per capita de até R$105,00. Em 2021, a renda per capita que estabelecia esse recorte era de até R$ 89,00.

As pessoas podem agendar atendimento através do Portal 156, em um dos 54 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), nas unidades itinerantes do CadÚnico ou nas 11 unidades do Descomplica SP.

O CadÚnico é a porta de entrada para diversos programas de transferência de renda como Auxílio Brasil, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Benefício Eventual e Renda Mínima”.

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