“O Barão de Itararé e o perigo, a sedução e a resistência da imprensa independente!”

por Ras Adauto

Aos meus amigos e amigas jornalistas Independentes!

Para mim, o famoso “Barão de Itararé” foi o maior sátiro do jornalismo brasileiro.

O “Barão de Itararé” era o avatar do jornalista Apparício Fernando de Brinkerhof Torelly, nascido no Rio Grande do Sul em 1895.

Ele comentava assim sobre as suas origens: “Sou uma autêntica Liga das Nações”. Apparício era filho de brasileiro com uruguaia, neto de americano, descendente de russos com índia charrua, parente de italianos.

Apparício era amigo de Vila Lobos; foi modelo do pintor Portinari, sócio do grande magnata das mídias brasileiras, pré Roberto Marinho, Assis Chateaubriand; Apresentou e foi o responsável pelo casamento da escritora Zélia Gatai com Jorge Amado; Vereador pelo Partido Comunista em 1947; Um inimigo mortal da ditadura de Getúlio Vargas; preso pela polícia política de Vargas foi torturado e conviveu com o escritor Graciliano Ramos nos porões-presídio da Ilha Grande; Virou personagem do livro de Jorge Amado, “Os Subterrâneos da Liberdade”, romance político do escritor baiano, que descreve o período sombrio da Ditadura de Getúlio Vargas.

Mas a grande façanha de Apparício foi a criação de um Pasquim perturbador e que foi um dos instrumentos mais críticos na época da Ditadura varguista: o jornal Satírico “A MANHA”.

Totalmente independente e sem nenhum compromisso ideológico, a não ser a luta pela democracia e a liberdade de expressão e de imprensa. Quando foi preso, o policiais da ditadura VARGAS, entraram na sua sala, no jornal humorístico “A MANHA” e deram-lhe uma surra. O jornal foi empastelado e a maquinaria destruida. Quando foi solto colocou uma placa na porta, que ficou a sua maior tirada humorística na história: “ENTRE SEM BATER”.

O título de BARÃO (de Itararé) foi publicado em um jornal carioca no dia 5 de dezembro de 1930, como se fosse um decreto presidencial , com estudo genealógico, brazão de nobreza, uma máscara contra gases e o mau hálito e um machado pingando sangue, com os dizeres: “Não se Trata de Sopa”.

Deixou uma frase cunhada para colocar em sua lápide quando fosse enterrado:
“O que se leva da Vida é a Vida que se leva”.

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Uma das frases do Barão que hoje pensei, quando meditava sobre a convulsão politica no Brasil nesse momento e as denúncias de corrupções dos dois lados que disputam a presidencia foi a seguinte:

“Há mais coisas no ar, além dos aviões de carreira”.

Essa tirada o Barão foi usada para definir a situação esquisita daquele momento do ditador dos pampas, Getúlio Vargas.

Algumas frases do Barao de Itararé:

“Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes.”

“Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.”

“Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.”

“O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.”

“Devo tanto que, se eu chamar alguém de “meu bem”, o banco toma!”

“A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.”

“O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.”

“A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.”

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Se fosse vivo hoje, com a sua sátira cortante e bem apimentada de crítica humorística, talvez Apparício, ou melhor do independente e debochado midiático “Barao de Itararé” certamente escreveria o seguinte, repetindo uma das suas famosas tiradas.:

“Há mais coisas no ar, além dos aviões “com carreiras”.

(e acrescentaria uma pequena nota embaixo: “quem entende de “brilho” sabe de que “helicóptero de carreiras” estamos falando”) .

O “Barao de Itararé nasceu no Rio Grande do Sul em 29 de janeiro de 1895; e veio a falecer no Rio de Janeiro em 27 de novembro de 1971. Podemos dizer que esse pioneiro do jornalismo humorítico e sátiro é ancestral de humoristas como Milor Fernandes, Ziraldo, Ykenga, Jaguar, Henfil e toda aquela turma que gravitou durante o momento da Ditadura Militar dos anos 60/70 nas abas do nanico “O Pasquim”.

O “Barao de Itararé” é Nóis!”

Negra Panther.

Fonte: Mama Press

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