O Julgamento dos usos e costumes da política da república Brasil

por Sérgio Martins

Após aprovação do impeachment do presidente Collor pela Câmara dos Deputados por 441 votos a 38, mais uma vez um julgamento emblemático dos usos e costume da política brasileira. Com certeza, o STF não será a mesma Corte após este calvário, que expõe uma Corte Constitucional aos meandros do processo penal, com todos os requintes da advocacia criminal.

Reúno-me aqueles que defendem a exclusão da competência de matéria criminal e cível, estranhas as questões de validade e garantia dos preceitos contidos na Magna Carta.

É difícil imaginar que os dirigentes do PT tenham criado o chamado “mensalão”, um caixa destinado ao pagamento de parlamentares em troca de apoio as iniciativas do governo Lula no primeiro mandato. O PT chegou ao governo central como um partido dono da bandeira da ética na política contra o desmando das elites que durante a história da
república deram a direção do país.

O grande erro dos dirigentes petistas, ora sentados no banco dos réus,foi terem acreditado na “ética política” da direita brasileira.

Ingressaram em um jogo político para garantir a governabilidade de um projeto comandado pelo PT utilizando os usos e costumes, consolidados desde planalto até os rincões mais distantes do país. Aos berros Roberto Jeferson se vangloria de ter livrado o Brasil de José Dirceu, mas na verdade, o que quer afirmar é que a governabilidade depende da
famosa regra: é dando que se recebe e se não concorda nos derrubamos.

As famosas forças ocultas.

Maquiavel nos brinda com suas lições sobre a especificidade da “ética” na condução dos interesses políticos que se distanciam dos ideais da justiça ou da religião. O PT está sim sendo julgado e pagou um alto preço na sua história, enquanto agremiação partidária, que congregou militantes de várias classes sociais com esperança de mudar o país,sob o do gingo: SEM MEDO DE SER FELIZ.

Este momento não de isentar aprioristicamente por razões meramente politicas, ainda que, relevantes, aqueles que estão envolvidos no caso Mensalão, a justiça formal, ainda é um espaço legítimo para solucionar os conflitos na sociedade democrática.

Neste julgamento, em especial, sem direito de recurso para réus, em foro especial. Temos, porém, a oportunidade de fazer uma profunda reflexão sobre a necessidade de uma reforma partidária séria, que limite a intervenção econômica nas disputas eleitorais,  assim como crie um percentual de lugares no parlamento para representantes avulsos da sociedade civil organizada,
que possam defender e fazer valer suas demandas no Congresso.

É inegável que Brasil mudou no governo do PT e o próprio partido não será o mesmo nas próximas décadas. Quem não se lembra, o discurso do grupo hegemônico sobre a ausência de projeto político para 40% da população brasileira, entre esses, negros, mulheres e pobres, o Brasil tornou mais inclusivo e não foi graças à atuação da elite brasileira.

+ sobre o tema

Afropotências: Não só luta contra o preconceito, mas poder para o povo preto!

Uma negritude protagonista, com poder para ser o que...

Quem ri do racismo?

A serrote 33 traz a seção especial “9 perguntas para o...

MC Carol denuncia a violência policial e critica a Lava Jato em música; ouça

‘Delação premiada de pobre é tortura’ denuncia MC Carol Em setembro...

Polícia identifica homem e apreende bandeira nazista após vídeo circular nas redes sociais

A Polícia Civil de Santa Catarina apreendeu uma bandeira...

para lembrar

A história de Luana e o genocídio da população negra no Brasil

"Mas tinha ficha criminal" "Deus quis assim, virou anjinho" "Bandido bom...

Ocupação Café em Ipanema, pelo emprego de Ivonete Cândida de Oliveira

Ivonete Cândida de Paula trabalha na Padaria Ipanema há...

Racismo e injúria racial no ordenamento jurídico brasileiro

Thaís Coelho Ávila∗ Sumário: 1 Introdução; 2 Conceitos fundamentais; 2.1...
spot_imgspot_img

‘Não é caso isolado’: as reações no Senegal a morte de imigrante em operação policial em SP

A morte do ambulante senegalês Ngagne Mbaye durante uma operação policial no centro de São Paulo na sexta-feira (11/04) gerou grande indignação e cobranças por justiça...

‘Nunca vi um pobre’

Quando penso que já vi e ouvi de tudo um pouco, a vida insiste em surpreender. Fiquei estarrecida com o relato sobre a euforia...

PM que arremessou homem de ponte na Zona Sul de SP é solto após Justiça conceder habeas corpus

A Justiça concedeu habeas corpus para o policial militar Luan Felipe Alves Pereira, preso por arremessar um jovem de 25 anos de uma ponte na Vila...
-+=