O aeroporto de Johanesburgo, na África do Sul se destaca por sua suntuosidade e pelo grande fluxo de passageiros que circulam por seus terminais. Mas o que me chama a atenção todas as vezes que passo por aquele aeroporto é a grande estátua de Nelson Mandela à frente de uma loja de souvenir.
Impressiona a quantidade de pessoas, turistas ou nacionais que param em frente àquela estátua para se deixar fotografar ao lado do maior símbolo da história da África do Sul.
Depois de 27 anos preso, em 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela recuperava sua liberdade. Era o começo do fim do apartheid. Quatro anos mais tarde, “Madiba”, como é conhecido por seus seguidores, através das urnas foi eleito presidente da África do Sul.
Em conversas com cidadãos comuns, percebemos que muitos são gratos pelo fato de que o ex-presidente e ganhador do prêmio Nobel da Paz ainda esteja com eles. Deixou a cena política e pública há bastante tempo, mas a sensação de que ainda está perto-desfrutando de sua aposentadoria – e isto os reconforta.
Mandela é muito querido porque traz à lembrança dos sul-africanos o quão longe chegaram e reaviva a nostalgia por aqueles tempos em que o país era um milagre da democracia.
Por outro lado, o legado político perdurável de Mandela a seu povo e ao resto da África é mais enfatizado não por aquilo que tenha feito em sua breve presidência, de 1994 a 1999, senão por sua decisão de abandonar o poder.
Recordo que Mandela, no final de seu governo, mais do que qualquer outra figura, estava bem posicionado para se autopromover e facilmente seria reconduzido no cargo de presidente dos sul-africanos.
Entretanto, sua negativa a fazê-lo é provavelmente o maior legado para sua pátria e dessa forma encaminhou a África do Sul num curso diferente de diversas nações africanas.
Assim, dezessete anos depois de sua encarnação pós-apartheid, a África do Sul já elegeu seu quarto presidente, reduzindo radicalmente o perigo de que um só líder domine o Estado.
A África do Sul que por quase quatro décadas, foi considerada pela comunidade internacional, por como um Estado pária, ou fora da lei, recuperou seu prestigio e dignidade através da figura de Nelson Mandela e atualmente o país se converteu na grande potência africana.
Prestes a completar 94 anos, Mandela continua um símbolo para negros e brancos. Para os primeiros por sua libertação de um sistema nefasto e para os segundos porque não usou da vingança.