O Portal da Morte

por Sérgio Martins

A beleza da vida se contrasta com a provisoriedade evidenciada pela permanente presença do portal da morte. Uma passagem para um estado de não-presença material e perda dos laços dos afetivos familiares e amizade . Para aqueles que permanecem o mundo fica mais cinza, ao olhar para aqueles lugares comuns sem a presença de pessoa que passou pelo portal.

Acid baseado na física quântica faz a seguinte afirmação: “As coisas só se tornam constantes quando você olha pra elas. Quando não olhamos é como uma onda, quando olhamos é como uma partícula”. Assim, todos nos somos ratificadores de nossa presença no universo, irradiando amor ou ódio, conforme nossa maturidade emocional.

Permanecemos vivendo todos os dias com planos e projetos como se o portal não existisse. Então, vivemos a vida com sensação de eternidade. Uma ilusão necessária para driblar a certeza da partida. Lamentamos a ida das crianças e jovens com sentença ” tão novo, que pena, ainda não viveu nada”, quando os idosos partem choramos e pensamos ” a vida poderia ser mais longa”, já que com a idade chega a experiência.

O sentido da vida é mágico, mas o mistério da morte é a essência desta caminhada cósmica no planeta terra. Um final aparentemente não-feliz mas da natureza desta experiência. A vida é sempre um encontro com outras pessoas e o tempo que passamos junto, ainda que pequeno são importantes para amadurecer nossa experiência .

Se não podemos avaliar a vida pós-morte, podemos com certeza afirmar que em nossa caminhada na vida cada atitude que tomamos ou deixamos de adotar possui uma implicação com o outro. Logo, o indivíduo é um ser que necessariamente interage, a partir de suas ações, estando todos inexoravelmente interligados.

Não nos resta dúvidas que, para além da invenção das instituições como forma de perenizar o individuo, através de suas normas e procedimentos, um dos grandes bens da humanidade é a liberdade de ter liberdade, inclusive para criticar nossas práxis, e buscar novas formas de viver e construir o melhor possível coletivamente.

Então, morrer faz parte da vida, mas a responsabilidade pela qualidade da vida que teremos e as possiblidades que poderemos construir coletivamente é de cada um de nos. Assim, o dia de finados, deve se uma oportunidade de lembrar nossos queridos parentes e amigos que ultrapassaram o portal da morte, mas, sobretudo, uma oportunidade de refletirmos sobre nossa caminhada na vida.

Sabemos que quaisquer palavras não substituiu a dor dilacerante da ruptura dos laços afetivos, tão comum á condição humana diante do portal da morte, mas ele nos permite olhar sem algumas ilusões para vida.

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