O preconceito e a divisão da cidade na propaganda da nova linha de Metrô do Rio de Janeiro

A abertura da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro, que vai de Ipanema até a Barra da Tijuca, (mas que, através de conexões e baldeações, liga pontos distantes da cidade, como o bairro da Pavuna, até a Barra), foi anunciada prometendo conectar o Rio “de ponta a ponta”.

Do Hypeness

Um usuário do Facebook, porém, fotografou a propaganda da Linha 4 para mostrar a publicidade sublinhando preconceitos e divisões sociais – há, no cartaz, como que duas cidades: uma “ponta” branca, e outra negra.

É evidente que o slogan “conectando o Rio de ponta a ponta” se refere ao dois pontos mais extremos de tais conexões do metrô: a estação Pavuna e a estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca.

fotos: divulgação/Facebook

A diferença entre esses dois pontos, porém, não é somente geográfica, pois enquanto a Barra é um bairro rico da cidade, a Pavuna é um bairro mais pobre. Ver cada “ponta” do tal cartaz representada por um casal negro e, no outro extremo, um branco, é ver sublinhado estereótipos raciais e de classe, e ainda a ideia de uma cidade dividida em duas.

A postagem já tem mais de 2 mil compartilhamentos e um debate intenso em seus comentários, e traz em sua legenda um comentário preciso: “Somos dois Rios“.

O mapa do Metrô do Rio, depois da expansão

Apesar da expansão recentemente realizada que de fato impactou positivamente na cidade, o Metrô do Rio ganha um novo problema: como se não bastasse a demora, as irregularidades e o péssimo projeto de expansão propriamente (que não cresce em rede, não integra aeroportos, rodoviária e barcas e que exclui outros grandes bairros necessitados, como Madureira) o metrô ainda decide por propagar preconceitos e velhas ideias que sublinham terríveis estereótipos.

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...