O que é importante para o emprego

BOA APARÊNCIA:

Norte/Centro-Oeste: 9 (3,0%)
Nordeste: 39 (7,0%)
Sudeste: 80 (9,4%)
Sul: 21 (7,2%)

Ter estudo:

Norte/Centro-Oeste: 57 (18,9%)
Nordeste: 182 (32,5%)
Sudeste: 222 (26,2%)
Sul: 76 (26,1%)

Ser indicado por alguém:

Norte/Centro-Oeste: 32 (10,6%)
Nordeste: 67 (12,0%)
Sudeste: 158 (18,7%)
Sul: 43 (14,8%)

Boa formação profissional:

Norte/Centro-Oeste: 203 (67,2%)
Nordeste: 268 (47,9%)
Sudeste: 379 (44,7%)
Sul: 150 (51,5%)

Não sabe/não respondeu:

Norte/Centro-Oeste: 1 (0,3%)
Nordeste: 4 (0,7%)
Sudeste: 8 (0,9%)
Sul: 1 (0,3%)

 

A CC deu como destaque o elevado número de respostas falando sobre boa formação profissional no Norte e no Centro-Oeste, com seus 67,2%, bem como fala do alto número de respostas falando do poder do QI (AKA “quem indica”, AKA networking, para usarmos um eufemismo dos gurus de RH). E diz também que isso é sinal do fortalecimento do patrimonialismo urbano e o enfraquecimento do coronelismo rural.

 

Porém, seria bom que transcendêssemos um pouco as coisa também. Note-se que o Sudeste é a região com maior número de respostas para “boa aparência”, sendo seguida por Sul e Sudeste, com Norte e Centro-Oeste lá pra trás. E aí caímos em um detalhe interessante: Sudeste, Sul e Nordeste são as regiões com o maior número de negros e afrodescendentes em geral em relação à população total e quem é atento sabe que termos como “boa aparência”, “boa apresentação” e “mandar currículo com foto” são os eufemismos mais comuns das empresas para dizerem nas entrelinhas que não aceitam quem tem raízes mais ou menos recentes na mãe solteira que trabalha de empacotadeira nas Casas Bahia (livremente parafraseando Chico César), mesmo que quem se candidate a emprego seja belo sob qualquer padrão estético. Não duvido que muitos, ao terem sido abordados na pesquisa e lido o termo, associaram imediatamente com o preconceito que sofrem diuturnamente no mercado de trabalho. E por aqui, note-se a surpresa de que no Sudeste a vida profissional do afrodescendente pode estar muito mais difícil que no Sul.

 

Novamente, vamos também lembrar que os números de Norte e Centro-Oeste que dão ampla vantagem para o binômio “ter estudo”/”boa formação profissional” suplantando por larga margem “boa aparência” e “ser indicado por alguém” refletem tanto o alto crescimento econômico (neste caso do Centro-Oeste) como a carência de mão de obra de alto gabarito, independente de que função se esteja falando. Podemos inferir que há um grau de carência da tal mão de obra gabaritada, ainda que menor, no Nordeste (região com maior resposta para “ter estudo”) e no Sul (segundo maior número para “ter boa formação profissional”).

 

Sobre “ser indicado por alguém”, os 18,7% do Sudeste em parte mostram que a região está saturada em matéria de mercado de trabalho geral, mas também demonstram que infelizmente o QI anda forte pelas bandas de onde eu teclo, talvez demonstrando que aqui seja mais provinciano do que parece. E isso limita sobremaneira o acesso do trabalhador ao mercado de trabalho. De repente um fulano que estudou em Harvard, fez especialização em Coimbra, mestrado em Princeton e doutorado na Sorbonne é preterido em uma empresa séria em função de uma toupeira que estudou mal e porcamente em uma UniSeiLáOQue ter um amiguinho que trabalha na referida firma.

 

E quando a pessoa é continuamente desprezada, mesmo com todo mundo falando que seu currículo é bom e soltando chiacchiere de que quem é bom sempre terá trabalho, pedir para ficar otimista é de um cinismo sem tamanho. E aí não pude deixar de lembrar de uma coluna do Ugo Giorgetti no Estadão do domingo retrasado falando do impressionante poder da rede de influências no Brasil, a ponto de alguém que tenta lamber os próprios cotovelos poder ter uma vida profissional tranquila, mesmo fazendo absolutamente nada ou sendo um incompetente total. E quantos aqui não conhece uns aspones tão aspones que é necessário falar as duas últimas sílabas com mais ênfase que o normal, só para demonstrar que estão lá por indicação?

 

Em todo caso, fica aquela mostra de que no Centro-Oeste e no Nordeste de fato as coisas estão efervescentes no que tange a trabalho. Não sei se a CNT/Sensus fez pesquisa parecida antes dessa, mas se existir, seria interessante para confrontar dados.

Fonte: Luis Nassif

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