Obama saúda acordo histórico com o Irã sobre programa nuclear

Após mais de uma semana de negociações em Lausanne, na Suíça, o Irã e o grupo 5+1, formado por Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, China, Rússia e União Europeia, chegaram a um acordo em torno dos principais pontos relativos ao programa nuclear do país persa. Em pronunciamento no começo na tarde desta quinta-feira (2), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou o fim desta etapa das negociações, mas ressaltou que ainda há muito a ser feito.

Do Uol

“Se o Irã violar o acordo, podemos voltar ao que tínhamos antes”, disse, alertando que as negociações serão encerradas apenas em junho. Teerã e as potências mundiais também decidiram manter as conversas até o dia 30 de junho e começar a escrever um texto definitivo para referendar o acordo.

Obama disse estar confiante de que o acordo “pode ser importante para a segurança dos EUA, de nossos aliados e do Irã”. Ele também prometeu “verificações sem precedentes” de instalações nucleares no Irã. “Nós estaremos vigiando”, afirmou.

Uma implementação bem-sucedida do acordo pode colocar o Irã e os Estados Unidos no caminho para melhores relações após 35 anos de animosidade.

Além disso, as potências e o Irã esperam finalmente silenciar qualquer conversa sobre uma ação militar de Estados Unidos e Israel contra a República Islâmica. O ministro israelense da Inteligência, Yuval Steinitz, alertou antes do anúncio desta quinta-feira que a “opção militar está sobre a mesa”.

Ao final de seu discurso, Obama afirmou que telefonará ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Além disso, ele informou ter telefonado ao rei Salman Ben Abdel Aziz, da Arábia Saudita, assim como sobre a realização de uma cúpula com os países do Golfo em Camp David, nos Estados Unidos.

Mais cedo, o secretário de Estado americano, John Kerry, declarou: “Grande dia. UE, 5+1 e Irã têm por fim os parâmetros para resolver as principais questões do programa nuclear. Retorno ao trabalho em breve sobre um acordo final”, escreveu Kerry em uma rede social.

O Irã verá suas reservas de urânio altamente enriquecido serem reduzidas em 98% em 15 anos, e sua usina de produção de Fordo será convertida para usos pacíficos. Além disso, seu reator de Arak deixará de produzir plutônio, informou Kerry em uma coletiva de imprensa.

Em troca, todas as sanções econômicas impostas ao país nos últimos anos e as resoluções adotadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas serão retiradas, mas apenas quando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmar que ele cumpriu a sua parte no acordo.

O papel de anunciar os resultados das tratativas coube à alta representante para Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini, e ao ministro de Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif. “A solução de 360 graus encontrada em Lausanne garantirá a natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear do Irã”, disse a italiana. Segundo ela, foi dado um “passo histórico rumo a um mundo melhor”.

“Antes estávamos em uma situação na qual ninguém acreditava em ninguém. Agora [conseguimos uma situação] na qual todo mundo ganha. A partir de agora podemos avançar e resolver os problemas”, assegurou Zarif em declaração individual à imprensa, após o acordo de entendimento ter sido anunciado.

Detalhes do acordo

Meios de comunicação iranianos declararam que o acordo estabelecerá que o Irã reduza em dois terços, de 19.000 a 6.000, o número de centrífugas, que podem produzir combustível para energia nuclear, mas também o núcleo de uma bomba.

Mogherini declarou ainda que o projeto de um novo reator será alterado de modo que nenhum plutônio para armas possa ser produzido. A usina de Fordo, construída nas profundezas de uma montanha, permanecerá aberta, mas não será utilizada para o enriquecimento, e sim para pesquisa e desenvolvimento.

Em troca, Mogherini declarou que as sanções relacionadas à questão nuclear de Estados Unidos e União Europeia serão levantadas depois que a agência nuclear da ONU verificar que o Irã cumpriu suas promessas.

Reações

As potências esperam que o acordo torne virtualmente impossível para o Irã construir armas nucleares sob a fachada de seu programa nuclear civil e que encerre este impasse de 12 anos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, comemorou o acordo nuclear de princípio alcançado com o Irã, e considerou que ele abrirá caminho para a paz e reforçará a estabilidade no Oriente Médio.

“Uma solução integral, negociada, à questão nuclear iraniana contribuirá para a paz e a estabilidade na região e permitirá que todos os países cooperem para tratar com urgência os sérios desafios de segurança que muitos enfrentam”, disse Ban em um comunicado.

Em nota divulgada no início da noite, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que “o Brasil recebeu com satisfação o anúncio” e que o governo reitera “que não há alternativa a uma solução negociada para a questão e que as presentes tratativas constituem oportunidade que deve ser plenamente aproveitada para se chegar a uma solução duradoura sobre a matéria”.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu – um dos mais fortes críticos das negociações -, afirmou nas redes sociais, que “qualquer acordo deve reduzir significativamente as capacidades nucleares do Irã e interromper seu terrorismo e suas agressões”. O premiê israelense prometeu combater o acordo antes de sua finalização, argumentando que ele deixará grande parte da infraestrutura nuclear do Irã intacta.

De Moscou, o governo russo celebrou o “reconhecimento” do direito do Irã de desenvolver um programa nuclear civil. “Neste acordo repousa o princípio formulado pelo presidente russo, Vladimir Putin, ou seja, o direito incondicional do Irã de desenvolver um programa nuclear pacífico”, comemorou o ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado.

A chefe do governo alemão, Angela Merkel, avaliou que o compromisso sobre o programa nuclear iraniano deixa o mundo “mais perto do que nunca de um acordo para impedir o Irã de obter a bomba atômica”. O chanceler francês, Laurent Fabius, declarou, no entanto, que ainda há trabalho a ser feito. (Com agências internacionais)

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