Foi conhecendo os talentos da Feira Preta com nossa amiga e colaboradora Juliana Luna, nome que anda inspirando e fazendo a cabeça de meninas negras de todo o mundo e que também está nos recebendo aqui no Rio de Janeiro para uma missão que resume muito de tudo o que falamos sobre ser mulher, negra e criativa NoBrasil (logo, logo muitos detalhes!) que nos deparamos com o trabalho incrível do Muha Bazila, um baiano de 24 anos que de cara, nos encantou. Tendo como referência e musa sua própria mãe, a militante e pesquisadora Maria Luiza Junior, Muha que desenha desde pequeno criou a série de pinturas Odara que tem como objetivo, valorizar e celebrar a beleza de nós mulheres negras em traços que são pura poesia.
Por Diane Lima
Contemporâneo ao mixar referências de beleza, moda e atitude nos conectando ainda com a nossa ancestralidade, Odara nos deixa um recado sobre a importância de ocupar espaços e criar diálogos que reforçam o posicionamento sobre como queremos e podemos ser representadas.
Que sejamos cada vez mais exemplos de auto-estima e empoderamento umas das outras.
Confere a entrevista:
NoBr: Muha, conta um pouco ! De onde você é, quantos anos e como chegou na pintura/arte?
Eu nasci em Salvador em 17/02/90 e tenho 24 anos. Desenho desde pequeno e provavelmente o desenho foi a primeira atividade que me encantei. Quando criança, aos 7 anos, já em Brasília, entrei para uma aula de desenho e pintura pela primeira vez, fiz 1 ano, depois outro ano de pintura a óleo quando voltei a Salvador, aos 10 anos. Depois passei um longo período desenhando e pintando esporadicamente. Foi no segundo ano de faculdade de Arquitetura e Urbanismo na UNB, que voltei a desenhar com frequência inspirado em uma professora que além de arquiteta era artista plástica também, a Dulce Schunk.
NoBr: No seu trabalho a relação com a representatividade da cultura negra é sempre presente. Pode falar um pouco da pesquisa e das referências que te direcionam?
Comecei pensando em uma forma de representar os cabelos afros. Por uma preferencia estética. O resultado acabou surpreendendo, além dos elogios pelo trabalho percebi uma reação positiva aos questionamentos gerados pelas sequencias de mulheres negras. Foi aí que decidi seguir por essa linha inicialmente. Fui criado em meio a militância, minha mãe, Maria Luiza Junior, é militante e pesquisadora de temas raciais. Hoje em dia esse convívio com a militância também se reflete em boa parte de minhas amizades. Por todo esse histórico sei da importância de estar sempre nos valorizando. O trabalho que faço acredito ser uma forma de contribuir para a valorização da estética negra. Acho importante valorizar esteticamente a mulher negra, sem necessariamente a sexualizar. Valorizar o cabelo afro, sem o carnavalizar. A escolha do nome ODARA para série de mulheres negras traz um pouco da intenção de exaltar sua beleza. Para meus trabalhos possuo um banco de imagens de referencias de modelos, com características que abordo em meu trabalho.
3) Projetos futuros, planos e alguma novidade que possa nos contar?
Pretendo continuar com a série Odara mas talvez seja a hora dos rapazes também….. Outro objetivo é retratar o Brasil, da forma que eu vejo. Axé!
Fonte: No Brasil