ODU – Festival de Arte Negra começa hoje em Ceilândia

O evento reúne diversas formas de expressão artística, incluindo teatro, dança cinema, poesia, artes plásticas e música

Por Robson G. Rodrigues*, do Correio Braziliense 

Cristiane Sobral: “O campo das artes é historicamente preenchido por pessoas brancas”(foto: Coletivo ODU/Divulgação)

“A coisa vai ficar preta!”, avisam os organizadores de ODU — Festival de Arte Negra. A frase ganha novo significado nas mãos de membros do Coletivo ODU, que abrem espaço dedicado a enaltecer, divulgar e expandir o trabalho de artistas negros.

O evento ocorre em dois locais de Brasília: primeiro, em Ceilândia; depois, na Asa Sul, e reúne diversas formas de expressão artística, incluindo teatro, dança cinema, poesia, artes plásticas e música.
Convidados ilustres passam pelos quatro dias de evento, entre eles, a atriz e escritora, dona da cadeira 34 da Academia de Letras do Brasil (ALB), Cristiane Sobral; Leno Sacramento, ator baiano membro do Bando de Teatro Olodum que já contracenou nos longas Besouro e Ó paí, ó; além de show de encerramento com Marcelo Café.
A ideia é compensar séculos de privilégio de pessoas brancas no mundo artístico. “O campo das artes é historicamente preenchido por pessoas brancas”, diz Cristiane Sobral, que, há 20 anos, pesquisa sobre arte negra. “Esse é o primeiro festival voltado ao tema que a gente está fazendo aqui no DF. É uma tentativa de expandir um movimento que já existe em outros estados”.
Para a autora, a escalada de negros a espaços de destaque no mundo da arte é mais íngreme. “A representação é pequena, salvo algumas pessoas, como Grande Otelo, Elza soares, Seu Jorge, que tiveram de lutar muito para conquistar a evidência que têm”, comenta. Cristiane fará a performance Esperando zumbi na abertura do festival e será homenageada no dia de desfecho.
Diversidade
“Os espaços de arte no Distrito Federal ainda são muito elitizados e embranquecidos”, frisa o ator Victor Hugo Leite, um dos organizadores do Festival. Ele explica que, apesar de o evento dar exclusividade para artistas negros, os temas não param em raça. “Os assuntos são diversos. Damos bastante importância para discussões de gênero e sexualidade.”
Victor Hugo protagonizou Afronte, curta-metragem de 2017 dirigido pelos então estudantes de audiovisual Bruno Victor e Marcus Azevedo. Nele é abordado a vivência de jovens negros homossexuais no DF. O filme conquistou três prêmios no 50º Festival de Brasília e será exibido no festival ODU.
A mostra de cinema do evento também conta com filme Mumbi 7 cenas pós Burkina, de Viviane Ferreira, que foi a Cannes em 2014 com o curta O dia de Jerusa. A jovem cineasta é a segunda mulher negra a dirigir um longa-metragem na história do audiovisual brasileiro. A exibição do curta ocorre no mesmo bloco de Afronte, na noite de abertura, às 20h, com reprise nos outros dias.
Completam a programação performances de mímica com Miqueias Paz, dança vogue, com Kiki House of Caliandra, exposição fixa de Ricardo Caldeira e espetáculo de Narhari Narhas, Se Deus é por nós, quem será contra nós?. Confira na íntegra em www.goo.gl/GxRYiE.
* Estagiário sob supervisão Igor Silveira
ODU — Festival de Arte Negra
17 e 18 de julho na sede do Jovem de Expressão (EQNM 18/20, Bl C, Praça do Cidadão; Ceilândia Norte); 19 a 21 de julho na Casa da Árvore (SES 813, lote 53/54 casa; Asa Sul). Ingressos gratuitos para evento em Ceilândia; R$ 10 (meia) para evento na Asa Sul. Não recomendado para menores de 12 anos.

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