Os saberes das mulheres da Caatinga

Conheça as histórias das curandeiras do sertão: mulheres que preservam as práticas de orações, cantos, raízes e garrafadas

POR BRUNO BLECHER, da  Revista Globo Rural

Maria Nazaré de Jesus (Foto: José Medeiros/ Reprodução/Revista Globo Rural)

Da terra de Padre Cícero à terra de Luiz Gonzaga leva-se menos de uma hora de carro por uma estrada que atravessa a linda Chapada do Araripe e divide o  Ceará de Pernambuco. Berço do Rei do Baião, Exu também frequentou por quase 300 anos as crônicas policiais do sertão com a guerra entre as famílias Alencar e Sampaio. A rixa começou ainda nos tempos da Colônia e durou oito gerações. Deixou 40 defuntos só nos últimos 40 anos do conflito, entre 1940 e 1980, até Luiz Gonzaga convencer os chefes dos clãs a fumar o cachimbo da paz, em 1982. A pernambucana Exu tem pouco mais de 30 mil habitantes e é bem mais pacata que a cearense Juazeiro do Norte, do Padim Ciço, que já soma mais de 270 mil almas.

Da praça da matriz ao Sítio Baixio do Meio, onde mora a parteira Nazaré, são 17 quilômetros por uma estrada de chão cheia de pedras. “Ô de casa!” Chamamos por Nazaré, e logo ela aparece, emoldurada pela janela da casinha de taipa, com um sorriso tímido no rosto, desconfiada com a visita inesperada.

Sentamos à sombra de um umbuzeiro para conversar. Cabelos grisalhos, miudinha, 63 anos, Maria Nazaré de Jesus conta que já “pegou” 12 meninos. O primeiro, homem feito, já tem de 18 a 20 anos.

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