PEDRA DO SAL: 25 anos de tombamento como patrimônio afrobrasileiro

 

 

A Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo Pedra do Sal – ARQPEDRA entidade representativa da comunidade remanescente de quilombo e que tem como um de seus principais objetivos a luta pela titulação do seu território e a preservação da identidade cultural da comunidade tem a honra de convidar V. Sª para mais uma edição do projeto SAL do SAMBA com Pedra do Sal – 25 anos de tombamento como patrimônio afrobrasileiro de  25 de novembro a 02 de dezembro de 2009 das 16 as 22 horas, na comunidade quilombola urbana Pedra do Sal.

 

obs: A atividade do dia 02 de dezembro (Dia Nacional do Samba)  se iniciara  a partir das 06:30 da manhã.

 

 

O Quilombo da Pedra do Sal está localizado na Zona Portuária na área de Planejamento 1 do Município do Rio de Janeiro, no bairro da Saúde. A Pedra do Sal, tombada provisoriamente em 23 de novembro de 1984 e definitivamente em 27 de abril de 1987 através da Resolução nº23, publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro em 11 de maio do mesmo ano. Testemunho cultural mais que secular da africanidade brasileira e espaço ritual consagrado e o mais antigo monumento da história do samba carioca. Outrora teve nomes como Quebra-bunda, Pedra da Prainha e, como nas redondezas se carregava o sal, popularizou-se como Pedra do Sal. Ali se instalaram os primeiros negros da Saúde, se encontraram as ‘Tias Baianas’, soaram os ecos das lutas populares, das festas de candomblé e das rodas de choro. Nas ruas tortuosas e becos que a envolvem, nasceram os ranchos e o carnaval carioca.

 

A antiga Prainha e o antigo cais do Valongo era parte do mercado de escravos recém chegados da África e foi ampliada por sucessivos aterros. A Pedra do Sal, então entre duas pequenas praias que compunham o mercado, era local de oferendas para os cultos afro-brasileiros que lá se faziam presentes. Um mercado para escravos recém-chegados era mais que uma “casa de engorda”, como aparece nas narrativas da memória coletiva. Era lugar de morte e de enterramentos e por isso campo sagrado. Era também lugar de cultura, de comunicação e de troca, pois era preciso saber a língua dos recém chegados para transformá-los em escravos. Era, antes de tudo, lugar de sofrimento e, por isso, as formas de religiosidade afro-brasileiras tiveram ali seu primeiro lócus no Rio de Janeiro.

 

Para além do espaço material da Pedra do Sal, esse local de celebração representa simbolicamente a presença cultural dos afrodescendentes na cidade do Rio de Janeiro. Todo dia 2 de dezembro, o grupo do quilombo da Pedra do Sal celebra, no Largo João da Baiana, essa história e memória através da lavagem da pedra (rito simbólico de purificação), do samba e de depoimentos de antigos portuários. Celebram sua continuidade histórica na região e sua relevância para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira.

 

A atividade tem o objetivo de celebrar, como também provocar  reflexões  em torno do objeto de identidade tombado pelo INEPAC (Pedra do Sal). São propostas de trabalho: oficinas, seminários, atividades produtivas  e de entretenimento (de matriz afrobrasileira). Destacamos nossa luta pela titulação dos territórios quilombolas e  políticas públicas de ações afirmativas.


Damião Braga Soares dos Santos
Presidente da ARQPEDRA – Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo Pedra do Sal
Vice-presidente da ACQUILERJ – Associação de Comunidades Remanescente de Quilombos do Estado do Rio de Janeiro
(21) 9701-8905
(61) 9631-8201

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