Pensamento Radical de Clóvis Moura: nos 10 anos de sua morte

Há um pouco mais de 10 anos falecia Clóvis Moura. Um intelectual difícil de ser definido: historiador, sociólogo, antropólogo, jornalista, poeta. Rompia com as barreiras das disciplinas rigidamente estabelecidas pelas academias. O certo é que ele foi um dos principais estudiosos da situação e das lutas dos negros no Brasil. Mais do que teórico foi um militante da causa emancipadora.

 

Como forma de reconhecer e o pensamento radical desse grande intelectual, a Fundação Maurício Grabois, Seção paulista, e a Unegro estão promovendo amplo Seminário que ocorrerá no próximo dia 22, Centro Cultural São Paulo, na Avenida Vergueiro.

O evento tem o apoio da União da Juventude Socialista (UJS) e Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), com a parceria da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Município de São Paulo.

Neste seminário pretendemos apresentar essas duas dimensões de sua obra e vida. Tratar de Clóvis como teórico que deu grandes contribuições para que compreendêssemos melhor o papel desempenhado pelos negros no processo de desenvolvimento da sociedade brasileira. Um dos primeiros a demonstrar que os escravos, através de suas rebeliões permanentes, foram protagonistas do movimento histórico que colocou em crise o sistema escravista.

Ele também se debruçou sobre as particularidades do racismo à brasileira acobertado pela ideologia da democracia racial, que tem por raiz séculos de escravidão e opressão.

A outra dimensão é a do intelectual orgânico da esquerda, militante comunista e do movimento negro. Mais do que ninguém, como marxista, sabia que a teoria só cumpre algum papel transformador quando ganha as massas. E que a “arma da crítica” deveria se transformar na “crítica das armas”. Se ser radical é ir às raízes mais profundas dos problemas, podemos dizer que Clóvis Moura foi um dos mais radicais teóricos brasileiros.

Seminário Pensamento Radical de Clóvis Moura: Nos 10 anos de sua morte

1ª Mesa – Clóvis Moura e a luta teórica anti-racista
Expositores: Soraya Moura (historiadora), Kabengele Munanga (antropólogo e professor da USP), José Carlos Ruy (jornalista)
Coordenação: Augusto Buonicore (secretário-geral da Fundação Maurício Grabois)

2ª Mesa – Clóvis Moura e o Movimento Negro no Brasil
Participantes – Edson França (presidente da Unegro), Sueli Carneiro (diretora do Geledés), Maurício Pestana (cartunista e diretor executivo da revista Raça)
Coordenação: Olívia Santana (secretária nacional antiracista – PCdoB)

Coquetel e lançamento da 4ª edição do livro Rebeliões da Senzala e da revista Princípios dedicada ao pensamento de Clóvis Moura.

Serviço:
22 de março (sábado) de 2014
Às 14 horas
Local: Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso, São Paulo)

 

Leia também:

O racismo como arma ideológica de dominação – por Clóvis Moura

Clovis Moura: 5 anos sem o “pensador quilombola”

 

Fonte: Vermelho

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