PM que arremessou homem de ponte na Zona Sul de SP é solto após Justiça conceder habeas corpus

Enviado por / FonteG1, por Bruno Tavares

Imagens gravadas por testemunha registram o momento em que Luan Felipe Alves Pereira ergueu e lançou Marcelo Amaral de ponte em 2024 na Zona Sul da capital paulista. O PM foi interrogado na segunda-feira (7), no Presídio Romão Gomes, mas disse que só falará em juízo.

A Justiça concedeu habeas corpus para o policial militar Luan Felipe Alves Pereira, preso por arremessar um jovem de 25 anos de uma ponte na Vila Clara, Zona Sul de São Paulo, no início de dezembro de 2024. Um vídeo registrou a abordagem policial. Ele foi solto nesta quinta-feira (10).



Segundo a TV Globo apurou, a decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo é desta quinta, e o benefício foi concedido porque a prisão preventiva foi considerada uma “antecipação de pena”. A partir de agora, o PM responderá o processo em liberdade.

Na última segunda (7), a Polícia Civil indiciou Luan por tentativa de homicídio. Ele foi interrogado no presídio, mas disse que só falaria em juízo.

Com o indiciamento, o inquérito aberto pela Polícia Civil deve ser concluído nos próximos dias e enviado ao Tribunal do Júri. O juiz, então, abrirá prazo para o Ministério Público decidir se oferece denúncia (acusação formal à Justiça), pede mais providências ou se arquiva o caso.

Luan e outros seis PMs que participaram da ocorrência contra Marcelo Amaral também foram indiciados pela Corregedoria da PM por tentativa de homicídio e outros crimes militares em dezembro do ano passado. O inquérito policial militar foi concluído e enviado à Justiça Militar.

Vídeo mostra momento em que PM joga homem de ponte durante abordagem em SP — Foto: Reprodução/TV Globo

Como foi a ocorrência

Imagens gravadas por uma testemunha registram o momento em que o soldado ergueu o jovem e o atirou da ponte (veja mais acima).

No depoimento à polícia, Marcelo afirmou que pilotava uma moto na Avenida Cupecê, quando freou o veículo. Ele afirma que não estava em alta velocidade. Naquele momento, policiais começaram a correr em sua direção.

O jovem, então, disse que desceu da moto e começou a correr. Contudo, foi agredido com golpes de cassetete na cabeça e nas costas.

Ainda no depoimento, Marcelo relatou que o policial militar o levou “pelo colarinho” até perto da ponte e deu a ele duas opções: saltar ou ou ser arremessado.

Ele afirmou também que chegou a dizer que não era ladrão e que a moto não era roubada. Na sequência, segundo a vítima, o PM pegou sua perna e o jogou.

Marcelo ainda contou à polícia que caiu no córrego, e pessoas em situação de rua que ficam embaixo da ponte disseram para ele que havia um caminho por onde podia fugir. Ele caiu de joelhos, e teve lesões na cabeça causadas por conta de golpes de cassetete, não pela queda.

A vítima afirmou que encontrou um motorista desconhecido e ganhou carona até a UPA Santa Catarina.



Marcelo também ressaltou que não sabe o motivo de ter sido agredido, pois não estava correndo e não agrediu verbalmente nenhum dos policiais.

Afirmou que os PMs não pediram seus documentos, não perguntaram seu nome. Apenas saíram correndo atrás.

O jovem relatou que não tem passagem pela polícia, trabalha como manobrista na região da Avenida Paulista e dos Jardins e que no dia estava sozinho. Ressaltou ainda que os policiais não estavam abordando ninguém e estavam parados na rua.

Histórico do PM

O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador já foi indiciado por homicídio por matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, em 2023.

Segundo a TV Globo apurou, o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério Público entendeu que houve legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.

Luan trabalhava nas Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema.

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