PMs são denunciados por racismo

Por: BLEINE OLIVEIRA

 

Indignado pela violência imposta a ele, uma filha de 12 anos de idade e a seus alunos, o folclorista José Nascimento Batista, de 51 anos, conhecido como “Bel da Cultura”, denunciou três policiais militares por crimes de racismo e abuso de autoridade. Após relatar o caso na Corregedoria da Polícia Militar, ele foi ontem à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL) reafirmar a denúncia.

Depois de ouvir por termo o relato do folclorista, o presidente da Comissão, advogado Gilberto Irineu de Medeiros, encaminhou ofício ao Comando da PM e ao Ministério Público Estadual (MPE) solicitando providência. “Pelo que foi dito, estamos diante de um caso grave de racismo e violência policial”, disse.

Tudo aconteceu no último domingo, 25, na Escola Parque, localizada na Praça da Faculdade, espaço público onde Bel ensaiava com 15 pessoas a apresentação que vai homenagear o centenário de Luiz Gonzaga. Ele é coordenador do Grupo Cultural Forró Matuto, uma associação que mobiliza jovens e demais pessoas interessadas na cultura popular nordestina.

“Nosso trabalho visa à preservação da cultura, caminho pelo qual buscamos desviar os jovens da criminalidade e das drogas”, disse José Nascimento, ressaltando porque se sentiu tão ofendido com a ação dos militares. Ele conta que encerrava o ensaio quando os três soldados da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) chegaram.

A queixa é de que os PMs foram agressivos desde o início da abordagem, o que levou uma jovem do grupo a reclamar. “Aqui não tem ladrão”, disse ela. Diante dessa manifestação, os policiais obrigaram todos a encostar de frente para uma parede e passaram a revistá-los.

Dizendo-se preocupado com seus alunos, o folclorista conta que tentou dialogar com os policiais, pedindo calma e consideração. “Me identifiquei e expliquei o que estávamos fazendo, mas foi inútil. Eles nos ofenderam, chamando-nos de bando de negros e negrinhos”, reclama Bel da Cultura. Uma aluna teria sido chamada de ‘rapariga’ e, ao reclamar, um dos militares disse, ironicamente, que “em Portugal rapariga é o mesmo que moça”, contou. ‡

 

 

Fonte: Gazeta de Alagoas

+ sobre o tema

O apartheid não escrito na sociedade brasileira

Além de remeter à escravidão, episódio de tortura de...

Morte de jovem negro pela polícia gera repúdio na Alemanha

Cerca de 200 manifestantes – a maioria jovens –...

Lula sanciona hoje nova lei de cotas universitárias; entenda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona, nesta...

Mãe de Ludmilla desabafa após comentário de Val Marchiori: ‘Preconceito existe’

Val Marchiori virou assunto nas redes sociais ao comentar...

para lembrar

“Dear White People” é a série necessária para um homem branco como eu

A nova produção da Netflix promove uma reflexão sobre...

‘Por que a guerra?’, perguntou Einstein a Freud em 1932

Quando o grupo Judias e Judeus pela Democracia São...

Inveja do quê, meu “fi”? Sobre as coisas que nos atribuem

Matheus foi fazer uma entrega de comida em um...
spot_imgspot_img

Estado como um dos negócios mais rentáveis das elites

Os filhos dos amigos viram estagiários, os estagiários viram assessores, os assessores viram secretários. E, no final, todos se orgulham de suas difíceis trajetórias...

O racismo no DNA do Brasil

O fato de o Brasil ser a nação mais miscigenada do mundo serve de prova científica do grau de perversidade do racismo institucionalizado nessas terras. Publicada na semana...

Quando Tony Tornado cerra o punho e levanta o braço, a luta dos afrodescendentes se fortalece

Tony Tornado adentrou o palco do Festival Negritudes e, antes de dizer qualquer palavra, ao lado do filho, Lincoln, ergueu o punho direito. O...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.