A tese de doutoramento da brasileira Érica Antunes Pereira, que analisa a construção e a temática da poesia das angolanas Ana Paula Tavares e Alda Lara, da cabo-verdiana Vera Duarte, da moçambicana Noémia de Sousa, e das são-tomenses Alda Espírito Santo e Conceição Lima, vai ser lançada ainda este ano.
Érica Antunes Pereira, professora da Universidade de São Paulo, justifica a escolha destas poetas com o facto de as considerar as que “melhor representam a poesia de autoria feminina nos seus respectivos países e, embora pertençam a contextos socioeconómicos e culturais bastante diferentes, as suas obras aproximam-se, tanto pela abordagem temática, quanto pela existência de um projecto de construção social do sujeito feminino”.
Para Vera Duarte, 2012 avizinha-se um ano prometedor. A par da tese da professora brasileira, as suas obras premiadas “A Candidata” e “O Arquipélago da Paixão” vão ser editadas no Brasil, também este ano.
Uma entrada relevante no mercado livreiro de um país de 200 milhões de habitantes muito cioso dos seus autores, mas que nos últimos anos partiu à descoberta de outras literaturas, entre elas a africana de língua portuguesa. E a escritora cabo-verdiana Vera Duarte foi a escolhida para ser pioneira dessa aventura crioula no Brasil.
“A Candidata” é uma obra em prosa distinguida em 2003 com o Prémio Sonangol, e que a escritora sonha ver um dia transformado em filme. “Quem sabe, quando for lançado no Brasil, algum realizador se interesse e o transforme numa peça da sétima arte”, diz Vera Duarte entre o riso e a esperança.
Até lá, de sorriso aberto, a poeta desfruta de uma outra importante conquista: “O Arquipélago da Paixão” (poesia), agraciado em 2001 com o “Prix Tchicaya U Tam’si de Poésie Africaine”, vai inaugurar este ano a colecção de poesia de autores da CPLP, que é organizada pelo consagrado poeta, editor, actor e performer brasileiro Wilmar Silva. “É uma grande honra para mim abrir esta colecção delineada por tão talentoso escritor”, declara a escritora Vera Duarte.
Prestes a ser editado no Brasil está também um livro de crónicas inédito da escritora cabo-verdiana. A editora Reflexos, de Porto Alegre, já demonstrou interesse em publicar esta obra que está a ser organizada por Christina Bielinski Ramalho, também professora da Universidade de São Paulo, que já animou palestras em Cabo Verde baseadas na sua tese de pós-graduação sobre “A Cabeça Calva de Deus, de Corsino Fortes”.
São grandes feitos para uma escritora de um país tão pequeno como Cabo Verde, admite Vera Duarte. “A ambição de qualquer escritor é ser lido pelo maior número possível de pessoas. Chegar ao público brasileiro, que é muito interessante e interessado, é uma enorme alegria para mim”, diz, crente que a sua estreia no mercado brasileiro vai abrir as portas aos seus conterrâneos. “Sem dúvida que sim. Graças às muitas aulas de literatura e palestras que muitos escritores cabo-verdianos têm animado nos últimos anos no Brasil, alguns, entre eles Corsino Fortes e Filinto Elísio, já são muito conhecidos”, assegura Vera Duarte.
Fonte: Jornal Angola