Preconceito nos livros

O preconceito é uma característica comum dentro na literatura brasileira e mundial. Embora autores como Lygia Fagundes Telles tenham, durante toda sua obra, exposto os preconceitos existentes na sociedade, o racismo permanece nas páginas dos livros e é um reflexo da própria vivência do escritor. Uma realidade que é retratada, também recheada de preconceitos, em outras manisfestações artísticas.

Para a professora de literatura da Universidade de Brasília (UNB), Regina Dalcastagnè, esse preconceito pode ser encontrado tanto na construção dos personagens quanto na trama propriamente dita. “São diferentes tipos de preconceito, desde aqueles que eliminam completamente determinados grupos de dentro da trama, ou que lhes impede a fala, até aqueles que distorcem representantes desses grupos a partir dos estereótipos”, diz Regina, que pesquisa o tema na literatura brasileira dos últimos 50 anos. “Negros, homossexuais, loucos, índios, entre outros, são simplesmente eliminados das narrativas e os leitores muitas vezes não se dão conta disso”.

O preconceito existente na literatura não é muito diferente daquele representado nas telenovelas, por exemplo. Se um jovem branco de classe média rouba, ele tem nome e sobrenome, é um indivíduo. Mas, se é alguém que pertence a um grupo minoritário, ele representa toda a categoria. “Um dos mecanismos de preservação do preconceito na sociedade brasileira é justamente a legitimação do preconceito no interior dos discursos artísticos”, diz.
Regina admite que essa prática tem diminuído entre os autores mais jovens em relação a alguns grupos, como é o caso dos homossexuais, mas persiste quando se trata de mulheres ou negros. Nesses casos, ele apenas assume uma nova cara.

O preconceito na literatura brasileira não se resume apenas ao texto propriamente dito, mas também à própria produção literária. Para Regina, ele começa antes mesmo de escritores negros baterem em uma editora para publicar seu livro. “Sentar-se diante de um computador e escrever exige educação formal, dinheiro e saúde e todos os índices mostram que os negros têm menos acesso à educação, salários mais baixos etc. Não é de se admirar, portanto, que tenhamos menos negros escrevendo no País.”

Números

?165 é o número de romancistas publicados nas mais importantes editoras do Brasil desde 1993;

?4 é o número de escritores de romances não-brancos publicados no mesmo período no País.

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